Bolsonaro faz diversas críticas indiretas ao ministro Alexandre de Moraes
Durante evento no palácio do planalto, o presidente diz que 'doeu no coração' em ver o deputado, Daniel Silveira, preso
Com a presença do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) na plateia, o presidente Jair Bolsonaro fez diversas críticas indiretas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), durante um evento realizado nesta quinta-feira no Palácio do Planalto. Bolsonaro criticou inclusive a prisão de Silveira, determinada por Moraes, dizendo que "doeu no coração ver um colega preso".
Bolsonaro também fez referência a outras decisões do ministro, como a extradição de Allan dos Santos e a decisão de abrir um inquérito sobre a fala do presidente que atribuiu uma relação entre vacinas contra a Covid-19 e a Aids.
Sem citar em nenhum momento os nomes de Silveira ou Moraes, Bolsonaro reclamou diversas vezes em sua fala de um deputado que ficou "sete meses preso". Silveira, que ficou preso entre fevereiro e novembro, balançou a cabeça, em aprovação, quando foi citado pelo presidente.
— Temos aqui um parlamentar que ficou sete meses preso. Se coloquem no lugar dele — discursou Bolsonaro, em cerimônia para marcar o Dia Internacional Contra a Corrupção.
O presidente disse, no entanto, que não podia tomar "medidas extremadas":
— Doeu no meu coração ver um colega preso? Doeu. Mas o que fazer? Será que queriam que eu tomasse medidas extremadas? Como é que ficaria o Brasil perante o mundo? Possíveis barreiras comerciais, problemas internos.
Leia também
• Maioria da Primeira Turma do STF vota para manter prisão de Zé Trovão
• Julgamento da 'linguagem neutra' no STF é interrompido e poderá ter participação de André Mendonça
• PGR pede para processo de Aécio voltar ao STF, mas depois desiste
Em outro momento, Bolsonaro disse que "aqui se acha agora que (por) qualquer motivo" pode se pedir a extradição de uma pessoa. Em outubro, Moraes determinou a extradição de Allan dos Santos, apoiador do presidente que mora nos Estados Unidos.
— Nós temos acordo de extradição com alguns países. Podemos mandar deles, presos aqui, para lá, e eles para cá. Mas está escrito ali o que é que você pode pedir a extradição ou concedê-la. Aqui se acha agora que qualquer motivo, me chamou de feio, e narigudo, de barrigudo, eu posso agora pedir a extradição dessa pessoa. Não é assim que funciona.
O presidente ainda criticou a decisão do ministro do STF, tomada na semana passada, de abrir mais um inquérito contra ele:
— Abriram mais um inquérito contra mim, contra (por causa de) uma live. A que ponto nós chegamos. Um inquérito contra o presidente da República por causa de uma live. Porque eu falei, nessa live…Falei, não, eu li um material que falava da correlação de HIV com Covid.
Na sequência, Bolsonaro questionou se terá suas redes sociais bloqueadas:
— Será que vão querer bloquear minhas mídias sociais? A mídia social que mais interage no mundo? Vão querer quebrar uma perna minha? Isso é democracia. Não é. Isso é jogar fora das quatro linhas (da Constituição).