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Bolsonaro manda mensagem de WhatsApp a aliados em que estoca candidatura de Covas em SP

Presidente afirmou que prefeito, que disputa 2º turno contra Boulos (PSOL), votou em Haddad (PT) em 2018

Bruno Covas, prefeito de São PauloBruno Covas, prefeito de São Paulo - Foto: Governo do Estado de São Paulo/Divulgação

Apesar de ainda não ter pedido votos explicitamente a nenhum candidato no segundo turno das eleições municipais, o presidente Jair Bolsonaro tem feito, reservadamente, críticas indiretas a Bruno Covas (PSDB), que disputa a Prefeitura de São Paulo.

O mandatário enviou na quarta-feira (18) mensagem de WhatsApp a pessoas próximas na qual dá uma estocada no tucano.

Bolsonaro encaminhou uma foto de uma conversa de Covas e o youtuber Felipe Neto pelo Twitter no qual o candidato do PSDB afirma não ter votado em Bolsonaro para presidente em 2018.

Junto com a imagem da conversa, o presidente encaminhou em negrito e letras maiúscula a seguinte frase: "VOTOU NO HADDAD.", em referência a Fernando Haddad (PT) contra quem disputou o segundo turno na eleição presidencial.

A reportagem leu a mensagem no celular de uma pessoa que a recebeu.

Bolsonaro apoiou Celso Russomanno (Republicanos) no primeiro turno da briga pela Prefeitura de São Paulo e viu o candidato acabar na quarta colocação na disputa.

Nesta semana, o Republicanos endossou o nome de Covas, assim como Russomanno, para evitar a vitória de Guilherme Boulos (PSOL), que passou para o segundo turno.

Segundo pessoas ligadas ao candidato derrotado do Republicanos, porém, o próprio teria ficado reticente em declarar apoio ao tucano justamente pelo receio em desagradar Bolsonaro. Russomanno considerou adotar a neutralidade nessa fase do pleito.

O fato de o presidente ter enviado esta mensagem pelo WhatsApp foi encarada por quem a recebeu como uma forma de Bolsonaro tentar impedir o avanço tucano em São Paulo, embora o concorrente de Covas seja Boulos, do PSOL.

Na avaliação de pessoas próximas de Bolsonaro, o cálculo seria o seguinte: o presidente poderia ganhar mais capital eleitoral e projeção com Boulos em São Paulo ao tentar polarizar novamente com a esquerda.

Além disso, ele vê em Covas um aliado do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), hoje um dos seus principais inimigos.

O presidente enxerga em Doria um potencial adversário em 2022 e atualmente protagoniza atritos com o governador em razão da vacina Coronavac, que está sendo produzida pelo Instituto Butantan em parceria com um laboratório chinês.

Bolsonaro acusa o tucano de querer capitalizar politicamente em torno do imunizante contra o novo coronavírus, já ameaçou não comprar o produto quando ele ficasse pronto, mas depois voltou atrás.

Aliados do presidente dizem não saber ainda como ele se portará no segundo turno.

A expectativa é a de que ele seja mais discreto para evitar acusações de derrota como ocorreu no primeiro. Bolsonaro apoiou Marcelo Crivella (Republicanos), que disputa a Prefeitura do Rio contra Eduardo Paes (DEM), mas aparece atrás nas pesquisas de intenção de voto.

A manifestação do presidente na mensagem que enviou para contatos no WhatsApp ocorreu em cima de um post do Twitter de 15 de novembro no qual Felipe Neto escreveu: "Povo de SP, a escolha é simples! De um lado, Covas, num partido que concorda com 92% das orientações bolsonaristas. Do outro lado, Boulos, no partido que menos concorda com as orientações bolsonaristas no país, apenas 15%!".

"É hora de vencer o bolsonarismo. O voto é 50! [número de Boulos]", continuou Neto.
Covas respondeu ao comentário dizendo que admira o trabalho dele, mas que acha que não conhece a trajetória do prefeito.

"Não votei em Bolsonaro. Convido você a conhecer meu programa de governo para ver nossas propostas que priorizam o combate às desigualdades, o respeito à diversidade e a defesa dos direitos humanos", afirmou Covas.
Bolsonaro pegou o gancho da réplica do prefeito para afirmar que ele votou em Haddad.

Em outra frente, setores da esquerda recuperaram fotos antigas de Covas abraçado a Bolsonaro para propagar que ele votou no presidente.

Diante da repercussão, o tucano se manifestou a respeito e afirmou que votou nulo na eleição presidencial passada.

"Anulei meu voto na eleição presidencial de 2018 por não ver em Bolsonaro discurso que agregasse discurso democrático na campanha dele", disse Covas.

"Mantenho meu posicionamento contrário aos posicionamentos dele, seja na área de direitos humanos, ambiental, cultural. Não vou mudar para ganhar eleição ou apoiador", continuou o prefeito.

Bolsonaro enviou a mensagem após ver uma série de candidatos que apoiou perderem.

O presidente pediu votos para Russomanno em lives, posts e gravou vídeo com ele. O candidato do Republicanos começou a disputa em primeiro lugar nas pesquisas de intenções de voto, mas derreteu e pela terceira vez ficou fora do segundo turno. Ele repetiu a trajetória de 2012 e 2016, quando largou na frente e depois perdeu votos.
Após diversas conversas, Russomanno concordou em apoiar Covas no segundo turno.

"O partido entende que a moderação e o equilíbrio são fundamentais para que a cidade possa avançar e que Bruno Covas é a pessoa mais preparada para isso", diz a nota do Republicanos assinada também por Russomanno.

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