Bolsonaro não soube responder se era "cis", após questionamento da PF
Ex-presidente foi perguntado sobre sua identidade de gênero durante depoimento prestado nesta quinta-feira, em investigação sobre suposta tentativa de golpe de Estado
O ex-presidente Jair Bolsonaro não soube responder se era "cisgênero" durante seu depoimento na Polícia Federal, nesta quinta-feira (22). Questionado sobre sua identidade de gênero durante o preenchimento do questionário de informações sociais, ainda antes da inquirição sobre a investigação, o político disse não saber o que significava a palavra usada para definir a pessoa que se reconhece com o sexo que atribuído a ela quando nasceu.
Segundo a defesa do ex-presidente, Bolsonaro foi perguntado se seria "cis" ou "trans" - termo usado para se referir a pessoas transexuais - e não soube responder, por desconhecer o é "cisgênero".
O questionamento aconteceu ainda no início do depoimento, logo que o ex-presidente chegou na sede da Polícia Federal, em Brasília. Quando foram feitas as perguntas relacionadas à investigação, o político optou por ficar em silêncio.
O depoimento de Bolsonaro durou cerca de 15 minutos. O ex-presidente não respondeu as perguntas assim como quatro generais que integravam seu governo, entre eles os ex-ministros Braga Netto (Casa Civil) e Augusto Heleno (GSI).
O almirante Almir Garnier, que era comandante da Marinha, também se manteve calado. Já o ex-ministro Anderson Torres (Justiça); o presidente do PL, Valdemar Costa Neto; e Filipe Martins, ex-assessor de Assuntos Internacionais da Presidência responderam os questionamentos da PF.
No total, foram intimadas 23 pessoas e os depoimentos estavam marcados para ocorrer de forma simultânea, a partir das 14h30. Quatorze deles foram realizados em Brasília, quatro no Rio de Janeiro, dois em São Paulo, um no Paraná, um em Minas Gerais, um em Mato Grosso do Sul e outro no Espírito Santo. Todos os convocados pela PF foram alvos da Operação Tempus Veritatis, deflagrada há duas semanas por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
De acordo com a PF, há “dados que comprovam” que Bolsonaro “analisou e alterou uma minuta de decreto que, tudo indica, embasaria a consumação do golpe de Estado em andamento”. Os investigadores também tiveram acesso a um vídeo de reunião ministerial, em julho de 2022, conduzida pelo então presidente, no qual o sistema eleitoral foi atacado com vistas a manter Bolsonaro no poder.