Bolsonaro nega mortes por Covid em presídios, onde a doença matou 320 detentos
Para defender remédio ineficaz, presidente ignorou dados oficiais e afirmou que 'não tem notícia' de falecimentos em prisões
O presidente Jair Bolsonaro afirmou que "não tem notícia" de mortes em presídios causadas pela Covid-19. Entretanto, dados dos Conselho Nacional de Justiça (CNJ) apontam que houve 320 óbitos entre presidiários desde o início da pandemia. Bolsonaro fez a declaração para defender a utilização de um remédio ineficaz contra a doença.
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A fala ocorreu em entrevista à TV Aratu, da Bahia, gravada na terça-feira e exibida nesta quarta. Bolsonaro defendeu suas ações durante a pandemia, que já deixou mais de 661 mil mortos no Brasil em pouco mais de dois anos.
"Você pode ver, o que se pregou muito durante a pandemia, não é o afastamento social? Qual o afastamento social entre os presidiários? Zero. Você tem notícia de mortes em presídio? Não tem notícia. Não tem notícia", declarou.
O boletim mais recente do CNJ, divulgado na terça-feira, afirma que houve 320 óbitos entre presos e outros 341 entre servidores. Quatro mortes ocorreram em março, sendo três entre detentos e uma entre servidores.
No total, foram 108.358 diagnósticos desde o início da pandemia, sendo 75.337 entre presos. Os dados foram atualizados até o dia 30 de março.
Bolsonaro afirmou que a suposta falta de mortes ocorreria porque os presos estariam tomando um remédio "usado para combater verminoses", em referência à ivermectina. Entretanto, o vermífugo é ineficaz contra a Covid.
"Por que? Por coincidência ou não, eles tomavam um remédio, não vou falar o nome dele aqui para evitar quererem nos atacar, que é usado para combater verminoses, pulgas, chatos", disse.
O maior estudo até hoje sobre a ivermectina como auxiliar no combate à Covid-19 concluiu que o remédio tem efeito equivalente ao placebo (tratamento inócuo usado como controle) na prevenção de hospitalizações pela doença.