Bolsonaro promete firme oposição a Lula em volta ao Brasil
Ex presidente se reuniu com vários de seus aliados, entre eles, deputados e ex ministros
O ex-presidente de extrema direita Jair Bolsonaro prometeu, nesta quinta-feira (30), firme oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva, ao retornar dos Estados Unidos para o Brasil.
Bolsonaro desembarcou em Brasília, procedente de Orlando (Flórida), e seguiu para a sede do Partido Liberal (PL), sem passar pelo terminal onde cerca de 200 apoiadores o aguardavam com bandeiras do Brasil.
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Bolsonaro, de 68 anos, se reuniu com vários de seus aliados, entre eles, deputados e ex-ministros, para quem discursou, segundo imagens divulgadas pelo partido.
Ele garantiu que "eles não vão fazer o que bem querem" do país, se referindo ao governo Lula.
"Nós somos aproximadamente 20% das bancadas", afirmou Bolsonaro em relação a seu partido e outros conservadores, acrescentando que são maioria e querem o melhor para o país.
Antes de embarcar na quarta-feira em Orlando, garantiu que pretende percorrer o país com até três viagens mensais e se preparar para as eleições municipais de 2024.
Disse, no entanto, que não iria "liderar nenhuma oposição", em declarações à CNN Brasil.
Bolsonaro viajou para os Estados Unidos em 30 de dezembro, dois dias antes da cerimônia de posse do presidente Lula, a quem nunca parabenizou pela vitória nas urnas, que considerou "injusta".
Ele anunciou seu retorno na semana passada e o PL deu grande publicidade ao fato nas redes sociais, embora oficialmente não tenha organizado um evento de boas-vindas.
As autoridades reforçaram o dispositivo de segurança no aeroporto e acionaram o alerta na Esplanada dos Ministérios, cenário do ataque aos Três Poderes de 8 de janeiro por apoiadores do ex-presidente.
Desafio para Lula
Bolsonaro deixou a sede do PL algumas horas depois, confirmou a assessoria do partido, sem informar o seu destino. Esta previsto que, mais tarde, seguiria para sua nova residência, uma casa no Jardim Botânico, região nobre da capital a 15 minutos do Palácio do Planalto.
O ex-presidente (2019-2022) assumirá na próxima semana a presidência honorária do partido, o maior na Câmara dos Deputados - com 99 dos 513 assentos - e segunda força no Senado.
Após um trimestre praticamente calado e sem fazer oposição, sua volta pode representar um desafio para o governo petista, de acordo com o cientista político Jairo Nicolau, da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
"Tivemos cinco meses com uma oposição basicamente desarticulada. Agora, [...] isso pode fazer uma grande diferença. Lula vai ter que governar com uma oposição articulada", afirmou Nicolau.
Nas eleições de outubro, o ex-sindicalista derrotou Bolsonaro com uma vantagem apertada (50,9% frente a 49,1% dos votos).
Bolsonaro receberá um salário mensal de R$ 41.600, segundo a assessoria de imprensa do PL. Trabalhará junto com sua esposa Michelle, que recentemente assumiu o comando do PL Mulher e é promovida como possível candidata no futuro.
Frentes judiciais
Paralelamente, o ex-presidente enfrentará dificuldades com a Justiça.
Ele é alvo de cinco investigações suscetíveis a penas de prisão no Supremo Tribunal Federal (STF), a mais recente aberta por seu possível papel como instigador do ataque em Brasília de 8 de janeiro.
Além disso, corre o risco de ser declarado inelegível se for condenado em algum dos 16 casos em tramitação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que investiga possíveis abusos políticos e econômicos nas eleições presidenciais de 2022.
Se for condenado, pode ser proibido de disputar eleições por oito anos, o que o deixaria de fora do pleito de 2026.
Bolsonaro também terá que prestar contas por um conjunto de joias recebidas como presentes da Arábia Saudita durante seu mandato, que teriam entrado no Brasil de forma irregular.
A Polícia Federal o convocou para prestar depoimento em 5 de abril, confirmaram fontes da força à AFP.