Abin paralela

Bolsonaro repete estratégia de outros momentos de crise a aposta em agendas públicas com Ramagem

Situação com ex-diretor da Abin foi contornada, e ex-presidente Bolsonaro caminhará ao lado dele e de outros candidatos no Rio de Janeiro

O ex-presidente Jair Bolsonaro abraça seu aliado Alexandre Ramagem, ex-diretor da AbinO ex-presidente Jair Bolsonaro abraça seu aliado Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin - Foto: Pablo Porciuncula/AFP

Assim como fez em outros momentos de crise devido as investigações que o atingiam, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reforça agora a estratégia de demonstrar força nas ruas depois dos desdobramentos dos casos da “Abin paralela” e das joias sauditas.

Com a sobrevida dada à pré-campanha de Alexandre Ramagem (PL) à prefeitura do Rio após a descoberta do áudio no computador do ex-diretor da Abin, Bolsonaro decidiu manter as agendas na capital fluminense e em outras cidades do estado nos próximos dias.

A primeira delas será com o próprio Ramagem na Tijuca, Zona Norte do Rio, amanhã. No mesmo dia, o ex-presidente vai a Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, caminhar com Netinho Reis (MDB), pré-candidato à prefeitura local.

Ele é sobrinho de Washington Reis — ex-prefeito, secretário estadual de Transportes e presidente estadual do MDB —, alvo de operação este mês no âmbito da suposta falsificação dos cartões de vacinação de Bolsonaro e familiares. O ex-presidente, portanto, estará no mesmo dia com dois “companheiros” de investigações sensíveis.

Na sexta, Ramagem será novamente prestigiado, dessa vez em Campo Grande, na Zona Oeste, o bairro mais populoso do país e local de vários investimentos recentes da prefeitura de Eduardo Paes (PSD), principal adversário do bolsonarista na disputa.

O PL aposta na força de Bolsonaro no bairro, no qual teve votações expressivas nas eleições presidenciais de 2018 e 2022, para associar a imagem dele a Ramagem. Nas agendas, Paes deve ser duramente criticado.

Outros municípios visitados na sexta e no sábado serão Niterói, na Região Metropolitana, ao lado do candidato Carlos Jordy (PL); Itaguaí, também na Região Metropolitana, com Alexandre Valle (PL); e Angra dos Reis, na Costa Verde, com Renato Araújo (PL).

No fim de semana passado, Bolsonaro já havia feito agendas ao lado do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e candidatos apoiados por eles em São Paulo.

Depois do susto inicial com a revelação de que Ramagem havia gravado a reunião no Planalto em que se discutiu formas de ajudar o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no caso das “rachadinhas”, a situação foi apaziguada com o discurso de que, na verdade, Bolsonaro sabia da gravação e tinha se esquecido.

Na interpretação de correligionários, uma eventual quebra de confiança entre os dois foi aplacada pelo fato de a gravação, segundo eles, não demonstrar uma indicação de crime por parte do ex-presidente.

— Se essa é a tal “bomba” contra o Ramagem, ele está feito. Tentaram interferir nas eleições, mas se trata de um atestado de boa fé. Seguimos reforçando que Bolsonaro e Ramagem estão juntos no objetivo de livrar o Rio de Janeiro da esquerda — diz o senador Flávio Bolsonaro, em referência a Paes, que foi filiado a partidos de centro e centro-direita durante toda a carreira.

As peças de campanha de Ramagem devem reforçar sua amizade com Bolsonaro. Na esfera judicial, o deputado presta depoimento à Polícia Federal nesta quarta-feira.

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