Bolsonaro repete estratégia de outros momentos de crise a aposta em agendas públicas com Ramagem
Situação com ex-diretor da Abin foi contornada, e ex-presidente Bolsonaro caminhará ao lado dele e de outros candidatos no Rio de Janeiro
Assim como fez em outros momentos de crise devido as investigações que o atingiam, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reforça agora a estratégia de demonstrar força nas ruas depois dos desdobramentos dos casos da “Abin paralela” e das joias sauditas.
Com a sobrevida dada à pré-campanha de Alexandre Ramagem (PL) à prefeitura do Rio após a descoberta do áudio no computador do ex-diretor da Abin, Bolsonaro decidiu manter as agendas na capital fluminense e em outras cidades do estado nos próximos dias.
A primeira delas será com o próprio Ramagem na Tijuca, Zona Norte do Rio, amanhã. No mesmo dia, o ex-presidente vai a Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, caminhar com Netinho Reis (MDB), pré-candidato à prefeitura local.
Leia também
• Relação de Bolsonaro e Witzel teve eleição 'casada' e promessa para Flávio; relembre
• Mario Frias repassa verbas da cota parlamentar para diretor de filme sobre Bolsonaro
• Moraes proíbe contato entre Bolsonaro com Ramagem
Ele é sobrinho de Washington Reis — ex-prefeito, secretário estadual de Transportes e presidente estadual do MDB —, alvo de operação este mês no âmbito da suposta falsificação dos cartões de vacinação de Bolsonaro e familiares. O ex-presidente, portanto, estará no mesmo dia com dois “companheiros” de investigações sensíveis.
Na sexta, Ramagem será novamente prestigiado, dessa vez em Campo Grande, na Zona Oeste, o bairro mais populoso do país e local de vários investimentos recentes da prefeitura de Eduardo Paes (PSD), principal adversário do bolsonarista na disputa.
O PL aposta na força de Bolsonaro no bairro, no qual teve votações expressivas nas eleições presidenciais de 2018 e 2022, para associar a imagem dele a Ramagem. Nas agendas, Paes deve ser duramente criticado.
Outros municípios visitados na sexta e no sábado serão Niterói, na Região Metropolitana, ao lado do candidato Carlos Jordy (PL); Itaguaí, também na Região Metropolitana, com Alexandre Valle (PL); e Angra dos Reis, na Costa Verde, com Renato Araújo (PL).
No fim de semana passado, Bolsonaro já havia feito agendas ao lado do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e candidatos apoiados por eles em São Paulo.
Depois do susto inicial com a revelação de que Ramagem havia gravado a reunião no Planalto em que se discutiu formas de ajudar o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no caso das “rachadinhas”, a situação foi apaziguada com o discurso de que, na verdade, Bolsonaro sabia da gravação e tinha se esquecido.
Na interpretação de correligionários, uma eventual quebra de confiança entre os dois foi aplacada pelo fato de a gravação, segundo eles, não demonstrar uma indicação de crime por parte do ex-presidente.
— Se essa é a tal “bomba” contra o Ramagem, ele está feito. Tentaram interferir nas eleições, mas se trata de um atestado de boa fé. Seguimos reforçando que Bolsonaro e Ramagem estão juntos no objetivo de livrar o Rio de Janeiro da esquerda — diz o senador Flávio Bolsonaro, em referência a Paes, que foi filiado a partidos de centro e centro-direita durante toda a carreira.
As peças de campanha de Ramagem devem reforçar sua amizade com Bolsonaro. Na esfera judicial, o deputado presta depoimento à Polícia Federal nesta quarta-feira.