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DEPUTADO

Boulos justifica parecer a favor de Janones e compara a argumento usado por bolsonaristas no 8/1

Pré-candidato à prefeitura de São Paulo disse em entrevista que não poderia ter 'a balança desequilibrada'

Guilherme BoulosGuilherme Boulos - Foto: Instagram/vídeo/reprodução

O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) atribuiu seu parecer contrário à cassação do colega André Janones (Avante-MG), investigado por suposta prática de rachadinha, a uma cláusula do Conselho de Ética da Câmara usada por bolsonaristas para se livrarem de punição por participação nos atos de vandalismo do 8 de janeiro de 2023. As declarações foram dadas em entrevista ao programa Alt Tabet, do Canal UOL.

Relator do processo, o parlamentar afirmou que livrou Janones porque o suspeito ato ilícito teria sido praticado antes da atual legislatura, o que, pelo regimento interno, impede qualquer punição. Ele salientou que, embora discorde desta norma, não poderia adotar "dois pesos e duas medidas".

— Estudei o caso e existe uma jurisprudência no Conselho de Ética da Câmara de que alguém suspeito de cometer um crime antes do mandato não pode ser punido nesta legislatura — explicou Boulos, e acrescentou — Agora, se essa é a regra que está sendo utilizada, você não pode usá-la para a extrema-direita e não para quem é do campo oposto. Se a regra do Conselho de Ética da Câmara é que só se cumpra na legislatura, não pode ser uma para os bolsonaristas e outra para o Janones. Em nenhum momento relativizei o crime de rachadinha.

Pré-candidato a prefeito de São Paulo, Boulos ainda pontuou que Janones não é seu correligionário e lembrou que o partido do mineiro apoia seu adversário na disputa municipal, Ricardo Nunes (MDB), em busca da reeleição.

— A relação que tenho com ele é que apoiamos o Lula. Os bolsonaristas da Câmara queriam usar isso [a acusação de rachadinha] como troféu, os mesmos caras livrados pelo Arthur Lira de sequer ir ao Conselho de Ética. Você não pode ter uma balança desequilibrada — justificou.

No início do mês, a sessão do Conselho de Ética que arquivou o inquérito e livrou Janones, com a ajuda de Boulos, terminou em bate-boca.

Deputados bolsonaristas, incluindo Nikolas Ferreira (PL-MG), cercaram Janones aos gritos de "rachadinha". Em meio ao tumulto, o parlamentar do Avante chamou Nikolas para resolver "lá fora". Ambos partiram um para cima do outro e foram separados por seguranças da Câmara e outros parlamentares.

Antes, Boulos também se envolveu em uma discussão com outro concorrente à prefeitura de São Paulo, o ex-coach Pablo Marçal. O deputado o acusou de “vender” sua candidatura para Ricardo Nunes.

— Trouxeram até coach picareta para vir tentar tumultuar a sessão, que eu espero, não sei se ainda está aqui o coach picareta, eu espero muito que não venda a candidatura para o prefeito Ricardo Nunes. Vá até o fim que eu quero te enfrentar nos debates — disparou Boulos.

Marçal foi levado à sessão por parlamentares bolsonaristas. Ao ouvir as acusações, o coach, que se filmava com um celular no momento, se levantou a protestou contra as declarações de Boulos.

— Não venda sua candidatura para o prefeito Ricardo Nunes porque tem gente falando que você já está vendendo — completou Boulos.

Mais de 60 parlamentares assinaram um requerimento inédito de recurso, que tenta reviver a tentativa de cassação de Janones, originalmente apresentada pelo PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, No entanto, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), não deve levar à frente o pedido feito pela oposição para submeter ao plenário da Casa a decisão do Conselho de Ética, acreditam seus aliados. Procurado, Lira afirmou ainda não ter se debruçado sobre o tema.

A representação contra Janones foi apresentada após dois ex-assessores do parlamentar afirmarem que ele cobrava funcionários lotados em seu gabinete na Câmara a repassar parte dos seus salários. O caso é investigado pela Polícia Federal. Em entrevista ao GLOBO, Cefas Luiz Paulino e Fabrício Ferreira de Oliveira disseram que a prática envolvia até mesmo os valores recebidos como 13º e chegava a 60% dos vencimentos.

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