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ELEIÇÕES

Boulos usa operação da PF contra Bolsonaro para tentar desgastar Nunes em SP

Prefeito de São Paulo divulgou nota nesta tarde citando feitos de sua gestão e dizendo que "está trabalhando por São Paulo"

Guilherme BoulosGuilherme Boulos - Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

Pré-candidato do PSOL à prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos usou a operação da Polícia Federal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para tentar desgastar o prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB). O emedebista, que deve contar com o apoio de Bolsonaro em sua campanha à reeleição, divulgou uma nota na tarde desta quinta-feira citando feitos de sua gestão e dizendo que “teria problema" com o dia de hoje "caso não estivesse trabalhando por São Paulo”.

O líder sem-teto fez pelo menos quatro publicações no “X” (antigo Twitter) associando Nunes ao ex-presidente, inclusive com fotos dos dois juntos. Numa das postagens, escreveu: “as denúncias de hoje deixam claro mais uma vez: São Paulo não pode ficar refém do bolsonarismo”. Em outra, o psolista questiona se o adversário considera o ex-presidente um “democrata”, como declarou no passado.

Mais cedo, durante agenda no Itaim Paulista, Zona Leste da capital paulista, Nunes foi questionado sobre a operação da PF que atingiu Bolsonaro, ex-ministros e militares. O prefeito, porém, evitou comentar, justificando que não tinha conhecimento sobre os fatos naquele momento.

—Hoje é dia de prefeitura presente aqui no Itaim Paulista, estou desde cedo aqui e vou ficar até à noite, não consegui ver nem meu WhatsApp. Não tenho algum comentário de algo que eu não tenho profundo conhecimento — declarou ele. — Eu não tenho detalhes sobre o que aconteceu nessa operação, e o que eu tenho que fazer é trabalhar pela cidade—completou.

Horas depois, o prefeito divulgou uma nota por meio de sua assessoria de imprensa:

“Eu teria algum problema com o dia de hoje (em referência à operação da Polícia Federal), caso minha gestão não tivesse zerado a fila da creche; caso eu não tivesse tirado do papel o maior programa de asfalto da história de São Paulo; caso eu não tivesse com o maior plano de habitação popular da cidade em andamento; ou caso eu não tivesse conseguido oferecer o benefício de até R$ 976,99 para os pais comprarem para os filhos material e uniforme escolar nesta volta às aulas. Hoje, quinta-feira, é um dia em que fico na rua o tempo todo, conversando com as pessoas e entregando serviços e obras pelos bairros. Eu teria problema, hoje, caso eu não estivesse trabalhando por São Paulo.”

Boulos investe em polarização
As publicações feitas por Boulos nesta quinta-feira evidenciam o que deve ser a sua principal estratégia na campanha eleitoral: rotular Nunes como "bolsonarista". O líder sem-teto tem apostado suas fichas na polarização do pleito, inclusive garantindo o presidente Lula em seu palanque.

Nunes, por sua vez, tem buscado se distanciar da polarização. A tentativa de garantir o apoio de Bolsonaro tem como pano de fundo o receio da campanha em ter um candidato bolsonarista no pleito — como, por exemplo, o deputado federal Ricardo Salles — o que poderia tirar votos do prefeito.

Desde o ano passado, o emedebista buscou se aproximar do PL para evitar um efeito "Rodrigo Garcia". O ex-governador de São Paulo se apresentou como um candidato de centro em 2022 e acabou espremido pela polarização, entre Tarcísio de Freitas e Fernando Haddad.

Nunes e Bolsonaro viveram uma relação tumultuada no ano passado, com o prefeito sendo cobrado a fazer mais gestos na direção do ex-presidente. O prefeito incomodou o círculo próximo de Bolsonaro ao se definir como "ricardista", e não bolsonarista, no programa "Conversa com Bial", em agosto.

A operação da PF desta quinta-feira mirou o ex-presidente, integrantes das Forças Armadas e alguns de seus aliados. Segundo as investigações, eles são suspeitos de terem tentado um golpe de Estado. Bolsonaro teve seu passaporte apreendido durante a operação.

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