Braga Netto falou com pai de Cid para ter informações sigilosas sobre delação
Contatos foram confirmados por Cid em depoimento. PF também aponta contato entre Cid e Braga Netto sobre informações passadas à PF
O ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, afirmou em sua decisão neste sábado que o pai de Mauro Cid teve "intensa troca de mensagens" com Braga Netto sobre o acordo de colaboração premiada firmado com a Polícia Federal. Braga Netto foi preso neste sábado pela Polícia Federal por envolvimento na trama golpista e no plano de assassinato do presidente Lula e do vice Geraldo Alckmin.
De acordo com Moraes, a PF demonstrou que o pai de Cid manteve contato com Braga Netto e com o general Augusto Heleno para informar que as informações acerca do acordo de delação com a PF eram mentirosas.
"Sobre a suposta Delação Premiada do CID, a Mãe e o Pai dele (CID) ligaram para o GNB e para o GH informando que é tudo mentira!!!", diz uma mensagem enviada por Mário Fernandes ao coronel Jorge Kornann.
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A conversa ocorreu três dias após a decisão pela homologação do acordo. Na decisão, Moraes destaca que a PF afirmou que Braga Netto tentou obter dados do acordo através de familiares "como forma de tranquilizar os demais integrantes da organização criminosa de que os fatos relativos aos mesmos não estariam sedo repassados à investigação".
De acordo com Moraes, a PF conseguiu demonstrar que as conversas entre o pai de Cid e o general Braga Netto eram para obter dados sigilosos e controlar o que seria passado à investigação. Os depoimentos de Cid tiveram elementos que caracterizaram a interferência de Braga Netto para "embaraçar as investigações".
Na decisão, Moraes também aponta que a PF encontrou na sede do PL um documento com perguntas e respostas sobre o acordo de Cid. O documento estava na mesa do Coronel Flávio Botelho Peregrino, principal assessor de Braga Netto. As perguntas teriam sido respondidas pelo próprio Cid.
A interferência de Braga Netto foi confirmada por Cid em um dos seus depoimentos.