Briga entre os irmãos Gomes: Justiça devolve cargo de Cid e ala de Ciro ameaça expulsar senador
Político havia sido afastado da presidência do diretório estadual do PDT no Ceará por decisão da Executiva nacional
Após ter saído derrotado de encontro do PDT no Rio de Janeiro, o senador Cid Gomes deu uma resposta à ala de seu irmão, o candidato à Presidência nas eleições do ano passado Ciro Gomes, e acionou a Justiça para retomar o cargo de presidente do diretório estadual do partido no Ceará. Como resultado, a 3ª Vara Cível da comarca de Fortaleza expediu uma liminar que suspende o processo ético-disciplinar interno instaurado contra o senador, assim como a intervenção da Executiva nacional.
Após mais uma vitória judicial de Cid, o presidente nacional do PDT, André Figueiredo, afirmou que um processo de expulsão será formalizado.
"Vamos denunciar os ditames ditatoriais da Justiça do Ceará ao CNJ, na segunda. Faz os caprichos de um político, que se acha poderoso. E agora, vamos abrir processo de expulsão contra o senador Cid Gomes. Não íamos fazer isso. Agora, nós vamos", afirmou o aliado de Ciro ao portal CN7, sobre liminar concedida pelo desembargador juiz Cid Peixoto do Amaral Neto.
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Os ataques proferidos contra Neto fez com que a Associação Cearense de Magistrados (ACM) expedisse uma nota de repúdio. No pronunciamento, o grupo afirmou ser inadmissível "o uso de órgãos correcionais como forma de intimidar magistradas e magistrados cearenses".
A queda de braço travada entre Figueiredo e Cid não data de hoje. Desde o ano passado, as alas dos dois divergem sobre o apoio ao PT. De um lado, o senador pleiteou que o partido estivesse com Lula e Elmano de Freitas durante o pleito e defende que a sigla seja base dos dois. Do outro, o aliado de Ciro afirma que a sigla deve ficar na oposição em relação ao governador do Ceará.
A tensão entre os dois polos escalonou neste ano, quando Figueiredo destituiu a Executiva do Ceará, dando início a uma série de batalhas judiciais que desativaram e reativaram o posto de Cid.
No último dia 27, em um encontro no Rio de Janeiro, a interferência local foi comunicada. Na ocasião, Ciro e Cid entraram em uma discussão calorosa, e quase chegaram as vias de fato. Nesta semana, as duas alas se reuniram: Cid aproveitou que o afastamento ainda não havia sido formalizado e concedeu anuência — medida que permite a saída do partido — a 18 deputados federais. No mesmo dia, o grupo de Ciro anulou as cartas. o que já virou tema de mais uma batalha judicial.
Iniciada nas eleições do ano passado, a guerra interna entre Cid e Ciro já levou à desfiliação de 12 políticos.