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'Burrice', 'verde periquito' e 'Nárnia': veja as frases irônicas de Alexandre de Moraes

Ministro do STF tem longa trajetória de comentários provocativos, como os feitos nesta semana em relação aos deputados Carla Zambelli e Eduardo Bolsonaro

Ministro Alexandre de MoraesMinistro Alexandre de Moraes - Foto: STF / Flickr

Somente nos últimos dias, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes fez dois comentários irônicos que repercutiram entre defensores e críticos do trabalho do magistrado. No entanto, declarações nesse tom acompanham Moraes ao longo de sua trajetória. Veja uma lista com algumas delas abaixo:

“Burrice mesmo, natural”
Respondendo ao comentário da ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Carmén Lúcia sobre a suposta tentativa da deputada Carla Zambelli (PL-SP) e do hacker Walter Delgatti de falsificar um mandado de prisão de Moraes contra si próprio, nesta terça-feira (21), Moraes disse: "Vossa excelência, sempre muito educada, disse 'a desinteligência natural'. Mas eu chamaria de burrice, mesmo, natural. E achando que isso não fosse ser descoberto."

"O cabo, o soldado, o coronel, estão todos presos"
Moraes ironizou nesta quarta-feira (22) uma fala antiga do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), de que seriam necessários "um soldado e um cabo" para fechar a Corte. De acordo com Moraes, o "o cabo, o soldado, o coronel, estão todos presos. E o Supremo Tribunal Federal aberto, e funcionando".

"Só não é mais triste porque confundiu 'O Príncipe', de Maquiavel, com 'O Pequeno Príncipe'"
Em setembro de 2023, o ministro fez duras críticas e ironias ao advogado Hery Kattwinkel, que defendia Thiago de Assis Mathar, segundo réu a ser julgado pelos atos golpistas de 8 de janeiro. "O advogado não analisou absolutamente nada, porque o advogado preparou um discursinho para postar nas redes sociais", disse. Ele ainda ironizou a confusão que o advogado fez entre duas obras literárias. "E só não é mais triste porque confundiu 'O Príncipe', de Maquiavel, com 'O Pequeno Príncipe'."

“Para tristeza de muitas e muitas pessoas”
Em sessão desta terça-feira (21), Moraes ironizou sua saída, em breve, do cargo de presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Encerrando a minha participação para a tristeza de muitas pessoas”, disse o magistrado, cujo trabalho no TSE foi questionado e atacado por uma ala de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

"OAB vai lançar outra nota contra mim"
Como presidente do TSE, Moraes se incomodou em novembro de 2023 com o pedido de um advogado para realizar sustentação oral em um julgamento. Moraes afirmou que a prática não era permitida naquele momento e, em tom irônico, antecipou que podia ser alvo de críticas da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), como havia acontecido em situação semelhante. "A OAB vai lançar outra nota contra mim. Vão falar que eu não gosto de direito de defesa. Vai dar mais uns quatro mil tuítes dos meus inimigos. Vamos fazer, doutor, a festa do Twitter, das redes sociais", comentou.

"O Abrucio é jurista?"
Moraes trocou farpas com o também ministro do STF, André Mendonça, em maio de 2023, durante julgamento que avaliava a derrubada do indulto concedido pelo ex-presidente Bolsonaro ao ex-deputado Daniel Silveira (PTB). Durante a sessão, o ministro André Mendonça citou comentários de pessoas que criticaram a pena atribuída pelo tribunal ao antigo aliado de Bolsonaro.

"Surgiram vozes na sociedade dizendo que a pena teria sido excessiva. Eu cito, nesse sentido, entrevista dada ao jornal 'O Estado de S. Paulo' por Fernando Abrucio, em matéria publicada no dia 28 de abril de 2022. Diz a chamada da matéria: 'Pena de Daniel Silveira foi um pouco exagerada, e Congresso não deu suporte ao STF, diz pesquisador'" — argumentou.

Moraes pediu, então, permissão para fazer um comentário. E questionou: “O Abrucio é jurista?” Mendonça confirmou que não, e o magistrado complementou: “Só para que conste nos anais.”

“Obviamente que nunca aconteceria”
Em 2019, após a notícia do sargento preso pela polícia espanhola com 39kg de cocaína no avião da FAB, da comitiva do então presidente Bolsonaro, Moraes e o então ministro Celso de Mello discutiam o juízo competente para autorizar investigação contra criminosos comuns dentro das dependências do Legislativo. Mello lembrou o caso para questionar a investigação de tal crime pelo STF. "Pegue-se por exemplo a situação de um avião da FAB, um avião militar que serve à Presidência da República, e em cujo interior é apreendida uma quantidade imensa de drogas", disse.

Em resposta, Moraes ironizou: "Obviamente que isso nunca ocorreria."

“Teve até gente comemorando, né?”
O ministro fez piada com bolsonaristas que acreditaram em uma notícia falsa de que ele teria sido preso após as eleições brasileiras de 2022. "O que se ataca é o instrumento, porque pega mal atacar a democracia. É mais fácil convencer as pessoas com essa notícia fraudulenta do instrumento. 'Ah, vamos prender o ministro Alexandre de Moraes'. Teve até gente comemorando, né? Ajoelhada, agradecendo aos céus. É um negócio impressionante", ironizou.

“Em Nárnia não há democracia”
Em fevereiro, o magistrado ironizou um comentário crítico sobre ele lido durante uma sessão da Corte. A representação analisada no julgamento citava um comentário que diz que no "mundo de Nárnia", "onde o Alexandre de Moraes é o defensor da democracia". Moraes então interrompeu a leitura para rebater dizendo que no mundo fantástico não há democracia. "Gostaria só de lembrar que em Nárnia não há democracia, porque Aslan, que é o leão, que é o rei", disse.

“Dá Ibope”
Em outubro de 2023, Moraes discursou sobre o que chamou de "ataque à democracia" por representantes da extrema direita ao redor do mundo. Ao longo da fala, o magistrado citou como exemplo a narrativa da "ameaça comunista" — frequentemente utilizada por Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados — e seu impacto no eleitorado brasileiro. " Impressionante como o comunismo dá Ibope, né? 99% das pessoas que falam nem sabem o que é comunismo", argumentou.

‘Verde periquito’
Também em outubro do ano passado, durante julgamento no TSE que mirava possíveis irregularidades protagonizadas pelo ex-presidente Bolsonaro no Bicentenário da Independência, Moraes fez menções irônicas ao empresário Luciano Hang, que ganhou posição de destaque ao lado do então chefe do Executivo na ocasião. "O presidente simplesmente afastando o presidente de Portugal e chamando o seu cabo eleitoral, vestido com a sua tradicional vestimenta verde periquito, para fazer campanha", descreveu Moraes.

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