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DEPUTADO FEDERAL

Câmara paga Uber em nome de Carlos Jordy para ir a casa de 'diversão adulta' e bar em São Paulo

Deputado diz que viagens foram feitas por ex-assessor e que vai reembolsar gastos

Deputado Carlos Jordy (PSL-RJ) Deputado Carlos Jordy (PSL-RJ)  - Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

A Câmara reembolsou o deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ), candidato a prefeito de Niterói (RJ), por gastos com o aplicativo de transporte Uber para endereços famosos em São Paulo pela agitada vida noturna.

Em uma das notas, a rua e a numeração incluídas são de um bar na região da Vila Madalena, zona oeste da capital paulista. Em outra, o destino é uma “casa de diversão adulta” no bairro da Aclimação, na região central.

O parlamentar afirma que, apesar de as corridas terem sido feitas em seu nome, os deslocamentos foram realizados por um ex-assessor e os valores vão ser devolvidos.

Ao todo, foram quatro corridas realizadas no fim da noite e já na madrugada entre quinta-feira, 28 de março de 2019, e domingo, 31 de março. Na época, Jordy havia assumido seu primeiro mandato como deputado um mês antes.

O transporte para a casa noturna ocorreu à 1h06 do dia 29 de março de 2019, uma sexta-feira.

O local é descrito em seu site como “a melhor casa de diversão adulta de São Paulo”: “Gente bonita? Você vê por aqui”, diz o anúncio, e completa: “Muitas vezes o que separa os homens dos meninos é a maneira com que eles se divertem. E, aqui, não há espaço para amadores”.

Dois dias depois, em 31 de março de 2019, na madrugada de sábado para domingo, um segundo recibo apresentado para reembolso à Câmara mostra novamente o trajeto para a mesma rua da casa noturna em São Paulo às 3h15, sem a indicação do número. As quatro corridas custaram, ao todo, R$ 188 aos cofres públicos.

Os deslocamentos incluem também uma via recheada de bares na na Vila Madalena, reduto boêmio de São Paulo.

O deputado afirmou que, com um salário de R$ 40 mil por mês, "não faria o menor sentido pedir ressarcimento desses valores". Ele argumenta ainda que a inclusão de seu nome nas notas teria o "intuito de facilitar tais reembolsos pela Câmara".

"Solicitei um levantamento do ocorrido, no intuito de identificar o assessor e irei ressarcir os valores corrigidos aos cofres públicos. Em nosso gabinete, não temos compromisso com erros. Havendo falhas, verificamos e alertamos ainda mais para que não se repitam", disse ele, em nota.

Em 28 de março de 2019, dia em que os deslocamentos em São Paulo começaram à noite, Jordy registrou presença no plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília. A sessão naquele dia foi encerrada às 13h58.

Questionado se teria alguma prova da onde ele se encontrava naquela noite, o parlamentar não respondeu. Via assessoria, ele informou o nome de quem teria usado o Uber, um ex-assessor que trabalhou no gabinete de fevereiro de 2019 a maio de 2022.

Um ato da Mesa Diretora da Câmara prevê o uso da cota parlamentar exclusivamente para atividades relacionadas ao mandato parlamentar.

A regra limita os custos por "serviços de táxi, pedágio e estacionamento", o que inclui o transporte por aplicativo, a R$ 2.700 por mês. Em março de 2019, o gabinete de Jordy gastou R$ 1.159 com essa rubrica.

A norma também permite que essa cota seja usada por "assessores, assim entendidos os servidores efetivos, os ocupantes de cargos de natureza especial ou secretários parlamentares vinculados à Câmara dos Deputados".

Neste ano, Jordy exerceu o cargo de liderança da oposição ao governo Lula na Câmara dos Deputados. Ele deixou o posto em abril para se dedicar às eleições à prefeitura de Niterói, onde nasceu e mantém o seu reduto eleitoral.

Ele conquistou 35,59% dos votos no primeiro turno e disputa a segunda etapa com o ex-prefeito Rodrigo Neves (PDT), que conseguiu 48,47% dos votos. Jordy tem o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), enquanto Neves é respaldado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

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