Sete de Setembro

Campanha de Bolsonaro usa atos no Dia da Independência do Brasil para demonstrar força eleitoral

Em vídeos que já circulam nas redes sociais, estratégia é apontar que presidente tem amplo apoio

Jair Bolsonaro no desfile cívico-militar do Bicentenário da Independência do Brasil Jair Bolsonaro no desfile cívico-militar do Bicentenário da Independência do Brasil  - Foto: Alan Santos/PR

Horas após os atos de 7 de Setembro em Brasília e no Rio nesta quarta-feira (7), a campanha do presidente Jair Bolsonaro passou a explorar imagens das mobilizações como demonstração de força eleitoral, com o discurso que ele tem mais apoio do que indicam as pesquisas. A equipe que trabalha pela reeleição também pretende levar trechos dos comícios para a propaganda eleitoral na TV.

Um vídeo produzido pela campanha já circulava na conta oficial de Bolsonaro no Tik Tok e no Instagram na tarde desta quarta-feira (7). A peça mesclava imagens do desfile militar com a de apoiadores na Esplanada dos Ministérios. Ao fundo, trechos do discurso do presidente acompanhado do Hino Nacional tocado por uma fanfarra em tom de triunfo.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Um outro vídeo, de 14 segundos, mostra a imagem área da Esplanada dos Ministérios em Brasília com a multidão vestida de verde e amarelo. Sem som, o vídeo compartilhado por WhastApp por integrantes do governo e publicado nas redes sociais pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) trazia apenas a legenda: “Foi pouca gente, mas foi de coração.”

A estratégia de demonstrar um apoio expressivo a Bolsonaro ficou evidente durante o ato em Brasília. Pouco antes de o presidente discursar em cima de um trio-elétrico no ato em Brasília, o locutor de rodeios Cuiabano Lima dizia que na Esplanada tinha “mais de 100 mil pessoas.” Na sequência, foi corrigido por um homem atrás dele e, de imediato, multiplicou a projeção por dez.

— Aqui na minha frente, 100 mil. Mas em toda a Esplanada, chegou os dados, 1 milhão de pessoas aqui. Um milhão de brasileiros! Um milhão de brasileiros, levantem as mãos por favor – disse Cuiabano.

Integrantes do governo também divulgaram a presença de 1 milhão de pessoas na Esplanada. A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, contudo, não divulgou a estimativa de público.

Adversários na corrida pelo Palácio do Planalto afirmaram que vão acionar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra Bolsonaro sob o argumento de abuso de poder, por utilizar estruturas da máquina pública, como a montada para as celebrações do Bicentenário da Independência, para fazer comício eleitoral. No Rio, por exemplo, aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) realizavam um show aéreo enquanto o presidente discursava.

A campanha de Soraya Thronicke, candidata do União Brasil, afirmou que tentará impedir na Justiça que as imagens dos eventos de hoje sejam utilizados na propaganda eleitoral.

Avaliação

No QG de Bolsonaro, a avaliação foi que o presidente seguiu o roteiro traçado previamente ao voltar sua artilharia para o PT, com críticas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sem ataques diretos ao Supremo Tribunal Federal (STF), como os feitos em 2021, além de explorar a presença da primeira-dama Michelle Bolsonaro, que discursou em Brasília.

Nos últimos dias, havia o temor na campanha que Bolsonaro, insuflado pela militância, voltasse a proferir ataques a integrantes do Supremo, como ocorreu no ano passado, quando xingou Alexandre de Moraes de "canalha" e ameaçou descumprir decisões judiciais.

Aconselhado por auxiliares, o presidente, dessa vez, optou por menções indiretas, ao dizer caso reeleito todos terão que "jogar dentro das quatro linhas da Constituições". O presidente costuma usar a figura de linguagem para criticar decisões da Corte das quais não concorda.

O recado ao Supremo também ficou evidente ao destaque que o presidente concedeu a alvos da Corte. Condenado por ataques a magistrados, o deputado federal Daniel Silveira (PL-RJ) estava presente em cima do trio-elétrico com o presidente tanto no Rio quanto em Brasília. O empresário Luciano Hang, investigado sob suspeita de financiar atos antidemocráticos, por sua vez, ficou ao seu lado na cerimônia na Esplanada dos Ministérios e também esteve no evento na capital fluminense.

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