"Caravanas golpistas"

Caravanas aumentaram em quase 10 vezes número de manifestantes em Brasília na véspera de ataques

Maioria de ônibus fretados por financiadores apontados pela AGU veio de São Paulo

Bolsonaristas radicais fazem atos terroristas no Distrito FederalBolsonaristas radicais fazem atos terroristas no Distrito Federal - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Relatório da Advocacia-Geral da Uniao (AGU) sobre o fretamento de ônibus usados para transportar manifestantes golpistas mostra que ao menos 2.851 pessoas viajaram a Brasília entre a quinta-feira e o domingo, dia dos atos de terrorismo. Ao todo, foram 73 veículos, pagos por 59 pessoas físicas ou empresas diferentes, que são alvo de pedido de bloqueio de bens por parte da AGU. O destino da maioria dessas pessoas era o acampamento bolsonarista montado em frente ao Quartel-General do Exército, ponto de partida da horda que invadiu as sedes dos Poderes, deixando um rastro de destruição.

Naquela mesma semana, o Exército havia registrado uma redução no número de pessoas no acampamento. Na segunda-feira, por exemplo, a informação oficial era que cerca de 300 pessoas ainda permaneciam no local. Com as novas convocações, esse contingente cresceu quase dez vezes. Em depoimentos prestados à Polícia Civil, obtidos pelo Globo, alguns dos presos no domingo, porém, afirmam ter viajado a Brasília por meios próprios. Portanto, o número de pessoas no QG e na Esplanada dos Ministérios no domingo era maior.

O levantamento da AGU foi feito a partir de uma lista fornecida pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) com todos os ônibus fretados que chegaram ao Distrito Federal nos dias anteriores aos atos golpistas. A partir dessas informações iniciais, foi feito um cruzamento com os veículos que foram apreendidos após a realização dos atos golpistas. Com esses dados, a AGU chegou aos patrocinadores de cada viagem.

Os 73 veículos identificados pela AGU partiram de nove estados das regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste. São Paulo foi a principal origem (29), seguido do Paraná (19) e Minas Gerais (16). Em média, cada ônibus levava 39 passageiros.

Alguns dos ônibus registraram como destino final a Esplanada dos Ministérios ou a Praça dos Três Poderes, onde foi realizada a manifestação. Outros também colocaram o Quartel-General do Exército ou a Praça dos Cristais, onde estava localizado o acampamento.

A ANTT informou a data de início das viagens, mas não o dia previsto da chegada de Brasília. Dois ônibus partiram ainda no dia 5 de janeiro. O maior fluxo, porém, foi na sexta-feira, 6, antevéspera dos atos, quando saíram 63 veículos, com 2.538 pessoas. Cinco ônibus saíram no sábado e três no próprio domingo.

No pedido de bloqueio de bens, apresentado à Justiça Federal, a AGU afirma que, ao pagar pelo deslocamento de manifestantes que cometeram o vandalismo, essas pessoas "tiveram papel decisivo" nos acontecimentos de domingo e que por isso "devem responder pelos danos causados ao patrimônio público".

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