INVESTIGAÇÃO DA PF

Carla Zambelli nega à PF ter contratado hacker para invasão de sistema do Judiciário

Deputada federal prestou depoimento por pouco mais de uma hora nesta terça, em Brasília

Carla Zambelli e Delgatti NetoCarla Zambelli e Delgatti Neto - Foto:

Investigada por supostamente participar de um esquema que inseriu dados falsos no sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) negou o crime. Em depoimento na sede da Polícia Federal, em Brasília, nesta terça-feira, a parlamentar reafirmou ter contratado o hacker Walter Delgatti Netto tão somente para a execução de serviços de informática, como criação de sites sobre o seu mandato.

— Foi esclarecido que houve pagamento de R$ 3 mil, em novembro, através da empresa de mídia que eu contratei e subcontratou o Walter para poder mexer no site na época que eu fiquei sem rede social. Ele não entregou o serviço. Já o pagamento de R$ 10.500 feito pelo Renan (assessor) foi uma transação de uísque entre eles que tem todas as comprovações — explicou.

Ao Globo, o advogado Daniel Bialski, que representa Carla Zambelli, informou ter protocolado uma petição solicitando que sejam extraídas peças do inquérito a fim de que Walter Delgatti Netto seja investigado por denunciação caluniosa.

— Sou uma pessoa que confio nas pessoas, por isso confiei nele e o contratei para realizar os serviços de site.

No início de agosto, Zambelli foi alvo de busca e apreensão em seu apartamento funcional e em seu gabinete, no Congresso Nacional. Foram cumpridos ainda mandados contra alguns de seus assessores e um de prisão preventiva contra Delgatti Netto, que confessou ter invadido a plataforma e incluído uma ordem de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

Em depoimento, Delgatti Netto disse que Zambelli pediu que ele invadisse as contas de e-mail e o telefone de Moraes. A solicitação teria sido feita durante um encontro na Rodovia dos Bandeirantes, na capital paulista, em setembro de 2022.

À PF, ele disse que só conseguiu acessar o e-mail de Moraes, mas não encontrou nada de comprometedor, e que não obteve êxito ao tentar acessar o celular do magistrado. Ele também alegou ter tentado invadir o sistema de segurança das urnas eletrônicas, mas também sem sucesso. Como prova da relação com a deputada, o hacker entregou extratos de pagamentos bancários que ligariam Zambelli a serviços prestados por ele.

A deputada, que chegou a levar o hacker a reuniões em Brasília, afirmou a interlocutores que sua intenção era discutir a possibilidade de ele integrar uma equipe de consultores contratados para fiscalizar as urnas eletrônicas. A parlamentar levou Delgatti a um encontro com o presidente do PL, Valdemar Costa, na sede do partido, e outro com o então presidente Jair Bolsonaro, no Palácio da Alvorada.

Ao Globo, a assessoria de imprensa da parlamentar informou que o dinheiro repassado pelo ex-assessor da deputada a Walter Delgatti Neto não teve relação com a invasão dos sistemas do CNJ. “As transferências, que totalizaram R$ 10,5 mil, foram feitas para pagar garrafas de uísque. Além disso, a PF não encontrou indícios de que Carla Zambelli soubesse dos ataques ao sistema, ou mesmo sobre as transações entre seu então assessor a Walter”, disse, em nota.

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