Carlos Bolsonaro vai a sessão na Câmara do Rio após laudo do MP comprovar rachadinha em seu gabinete
Chefe da equipe do filho do ex-presidente teria recebido depósitos de funcionários
Após laudo do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) comprovar rachadinha em seu gabinete, como revelou o Globo nesta quinta-feira, o vereador do Rio Carlos Bolsonaro (PL) compareceu à sessão do dia na Câmara Municipal da capital Fluminense.
Por volta das 15h52, o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro já estava com a presença computada. O vereador desceu ao plenário para a sessão das 16h, na qual permaneceu ao lado do aliado Rogério Amorim (PTB) e não fez pronunciamentos.
Carlos votou a favor de um projeto de lei que proíbe a comercialização de medicamentos e vacinas “anti-cio” para cães e gatos sem prescrição médico-veterinária. O filho de Bolsonaro também endossou uma proposta que torna a Casa de Viseu, no bairro da Penha, um polo gastronômico.
O vereador não quis dar entrevista. Funcionários relataram à reportagem que ele tem utilizado o elevador da sala inglesa, onde só parlamentares podem circular, para evitar contato com a imprensa.
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Como noticiado nesta quinta-feira, Jorge Luiz Fernandes, chefe do gabinete de Carlos desde 2018, recebeu um total de R$ 2,014 milhões em créditos provenientes das contas de outros seis servidores nomeados pelo patrão.
A informação foi levantada pela equipe do Laboratório de Tecnologia de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro do MPRJ.
O mesmo levantamento, autorizado pela Justiça fluminense, também demonstrou que Fernandes usou contas pessoais para pagar despesas do filho “zero dois” de Bolsonaro. A 3ª Promotoria quer saber agora, em pedido de investigações complementares ao Laboratório de Lavagem, se os pagamentos foram eventuais ou regulares.
No caso da segunda situação, ficará provado que Carlos se beneficiou diretamente do desvio dos salários de seus servidores.
O laudo já produzido é suficiente para imputar o crime de peculato ao chefe de Gabinete. Obtido pelo GLOBO, o documento constatou que, entre 2009 e 2018, Fernandes recebeu créditos dos seguintes funcionários: Juciara da Conceição Raimundo (R$ 647 mil, em 219 lançamentos), Andrea Cristina da Cruz Martins (R$ 101 mil, em 11 lançamentos), Regina Célia Sobral Fernandes (R$ 814 mil, 304 lançamentos), Alexander Florindo Batista Júnior (R$ 212 mil, em 53 lançamentos), Thiago Medeiros da Silva (R$ 52 mil, em 18 lançamentos) e Norma Rosa Fernandes Freitas (R$ 185 mil, em 83 lançamentos).
Até o momento, Carlos só se manifestou pelas redes sociais. Em nota oficial divulgada no Twitter, a defesa do vereador argumenta que o laudo divulgado pela imprensa configura um vazamento seletivo de um processo judicial sob sigilo. O texto defende ainda que o vazamento ocorreu "com o nítido intuito de promover ataques ao vereador".