Logo Folha de Pernambuco

STF

Cármen Lúcia vota por proibir governo de monitorar jornalistas em redes sociais

Ministra relatora de ação apresentada pelo PV que está em julgamento no plenário virtual

Ministra do Supremo Tribunal Federal Cármen LúciaMinistra do Supremo Tribunal Federal Cármen Lúcia - Foto: Calos Moura/SCO/STF

A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta sexta-feira para que a Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) do governo federal seja probida de produzir relatórios de monitoramento sobre atividades de parlamentares e jornalistas em redes sociais.

O julgamento acontece no plenário virtual da Corte, e tem previsão para ocorrer até o próximo dia 11.

A ministra é relatora de uma ação apresentada pelo PV em 2020, depois que reportagens publicadas pela Revista Época relevaram a existência de relatórios de monitoramento das atividades de parlamentares e jornalistas nas redes sociais.

O partido afirma que o monitoramento fere as liberdades de expressão, manifestação do pensamento e do livre exercício profissional.

"Não está entre atribuições da Secretaria Especial de Comunicação - nem seria lícito - a função de monitorar redes sociais de pessoas, físicas ou jurídicas, até porque objetivo dessa natureza descumpre o caráter educativo, informativo e de orientação social que legitimam a publicidade dos atos estatais", afirmou a ministra, em seu voto.

Ainda segundo Cármen, "com recursos públicos, ao invés de se dar cumprimento ao comando republicano obrigatório de se promoverem políticas públicas no interesse de toda a sociedade, o Poder Executivo federal valeu-se da contratação de empresa para pesquisar redes sociais sobre a base de apoio".

De acordo com as reportagens, ao menos 116 parlamentares tiveram as redes monitoradas a pedido das secretarias entre os meses de fevereiro e abril do ano passado. O trabalho de acompanhamento seria registrado em boletins diários entregues aos órgãos.

Em seu voto, Cármen Lúcia disse ainda ser preciso assegurar a liberdade de manifestação política, onde, destacou, se constrói e se desenvolve o regime democrático.

"Ao invés de se dar cumprimento ao comando republicano obrigatório de se promoverem políticas públicas no interesse de toda a sociedade, o Poder Executivo federal valeu-se da contratação de empresa para pesquisar redes sociais sobre a base de apoio - ou oposição – ao governo", disse.

Ao STF, a Secretaria de Governo da Presidência da República afirmou que a contratação de empresas para o serviço de monitoramento acontece desde 2015.

Ainda de acordo com as publicações, o então ministro-chefe da Segov, general Luiz Eduardo Ramos, considerou absurda a iniciativa e disse que ela não partiu de ordem sua, embora não tenha negado a existência dos relatórios.

Até o momento, apenas a relatora votou. No julgamento do plenário virtual, os ministros têm até uma semana para inserirem seus votos no sistema.

Veja também

Militares indiciados pela PF queriam arrastar promotor e deputados para gabinete do golpe
OPERAÇÃO CONTRAGOLPE

Militares indiciados pela PF queriam arrastar promotor e deputados para gabinete do golpe

Governadora Raquel Lyra anuncia licitação para duplicação de trecho da BR-232
PE na Estrada

Governadora Raquel Lyra anuncia licitação para duplicação de trecho da BR-232

Newsletter