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Cartão corporativo: gasto de R$ 7 mil em lanche coincide com ida de Bolsonaro a evento

Mais de 350 'combos' foram comprados em padaria de centro espírita a 30 km de um evento com ex-presidente no Ceará, em 2021. Estado registrava crescimento de mais de 100% de casos de Covid-19

Jair BolsonaroJair Bolsonaro - Foto: Alan Santos/PR

O cartão corporativo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pagou 356 unidades de "combo lanche" na padaria de um centro espírita no Ceará, em fevereiro de 2021. Na mesma data, o então chefe do Executivo contrariou as medidas sanitárias durante a pandemia da Covid-19, e compareceu a um evento que provocou aglomeração no estado. O gasto no cartão ultrapassou R$ 7 mil reais.

A informação foi consultada pelo GLOBO via notas fiscais obtidas pela Agência Fiquem Sabendo. Em 26 de fevereiro de 2021, Bolsonaro discursou para dezenas de apoiadores na praça de Tianguá, a 30 quilômetros do estabelecimento em que a compra foi efetuada.

No documento do centro espírita "O Pobre de Deus", localizado no centro de Viçosa do Ceará, é descrito um gasto de R$ 7.277 com 356 "combos lanches" e 13 garrafas de 1,5 litros de água por parte da Secretaria de Administração da Presidência da República. O estabelecimento informou ao Globo que, dentro do espaço religioso, há uma padaria.

O local foi fundado em 1990 e prega o espiritismo kardercista que segue a doutrina do francês Allan Kardec, a mesma que Chico Xavier deu continuidade.

Na ocasião, o ex-presidente foi ao estado para assinar a retomada e vistoria de obras viárias. No dia em que ocorreu o gasto, ele participou de dois eventos: um em Tianguá e outro em Caucaia, cidades do interior do Ceará. Em ambos, houve aglomeração. À época, a visita foi criticada por políticos cearenses como o governador do estado Camilo Santana (PT) que optou por não encontrar o então presidente.

"Tenho todo respeito à autoridade, mas não posso compactuar com aquilo que considero um grave equívoco",  declarou Santana.

A média móvel de casos no país havia aumentado 109%: no dia anterior à visita (25), o Brasil chegou ao recorde de 1582 mortes em 24 h.

Em discurso naquela sexta-feira, Bolsonaro chegou a criticar as medidas sanitárias e afirmou que a população estava "cansada" do isolamento social.

"Esses que fecham tudo e destroem empregos estão na contramão daquilo que seu povo quer. Não me critiquem, vão para o meio do povo mesmo depois das eleições", afirmou à época.

Esta foi a segunda visita de Bolsonaro ao Ceará durante a pandemia. Em setembro de 2020, o ex-presidente participou de um ato, no qual não utilizou máscara de proteção e também gerou grande aglomeração.

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