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Caso das joias

Caso das joias: Procuradora designada pelo MPF foi transferida na semana em que assumiu investigação

Gabriela Hossri atuava na Procuradoria da República em Guarulhos (SP), com jurisdição sobre aeroporto onde foi flagrado o presente destinado a Michelle Bolsonaro, mas teve cessão autorizada para Osasco

Joias de Michelle BolsonaroJoias de Michelle Bolsonaro - Foto:

A procuradora da República Gabriela Saraiva Vicente de Azevedo Hossri, designada para assumir as investigações sobre o caso das joias flagradas com a comitiva do ex-ministro do governo Bolsonaro Bento Albuquerque, foi transferida de área na mesma semana em que foi sorteada como responsável pelo caso. A informação foi noticiada pelo g1 neste domingo e confirmada pelo Globo.

A portaria da Procuradoria-Geral da República com a transferência de Gabriela foi publicada no Diário Oficial da União no último dia 7. Na última semana, o Ministério Público Federal (MPF) atendeu a um pedido da Receita Federal para apurar o caso, e distribuiu o caso aleatoriamente, através de seu sistema interno, ao gabinete de um dos procuradores alocados na Procuradoria da República no Município de Guarulhos.

A procuradoria em questão, da qual Gabriela fazia parte até o último dia 7, é responsável pela jurisdição do Aeroporto de Guarulhos, onde as joias foram flagradas -- em caso revelado pelo jornal "O Estado de S. Paulo".

Gabriela e outros seis colegas da Procuradoria de Guarulhos foram transferidos na mesma data, enquanto sete procuradores foram alocados nas vagas em aberto. A tendência é que um deles assuma as investigações.

A procuradora foi transferida para a Procuradoria da República em Osasco.

A destinação do conjunto de joias, apreendidas pela Receita Federal em outubro de 2021, para a primeira-dama Michelle Bolsonaro foi informada pelo próprio ministro Bento Albuquerque (Minas e Energia) ao tentar liberar os objetos retidos na alfândega na ocasião. As joias haviam sido enviadas por parte do governo da Arábia Saudita, e estavam sendo transportadas na mochila de um assessor do ministro.

No sábado, reportagem do Globo mostrou que, em agosto de 2022 -- isto é, dez meses após a chegada das joias ao Brasil --, o governo Bolsonaro abandonou a proposta de um decreto, elaborada pela Casa Civil, que impediria o chefe do Executivo de levar consigo presentes diplomáticos ao fim do mandato. Três meses depois, o então presidente Jair Bolsonaro recebeu outro conjunto de joias enviados pelos árabes, que havia sido transportado pelo próprio ministro e passou pela fiscalização da Receita na ocasião.

Já o conjunto de joias que seria destinado a Michelle foi alvo de oito tentativas de remoção da Receita por parte do governo Bolsonaro, todas infrutíferas. Os funcionários da Receita mantiveram os bens, avaliados em R$ 16,5 milhões, retidos no Aeroporto de Guarulhos enquanto exigiam que o governo registrasse as joias para o acervo público da Presidência -- neste caso, Bolsonaro não poderia levar o material consigo ao fim do mandato.

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