DECLARAÇÃO

Caso J&F: Transparência Internacional diz que ONG é vítima de ''retaliação''

Balanço critica o ministro por anular provas do acordo de leniência de Odebrecht

O ministro Dias Toffoli, durante sessão do STF O ministro Dias Toffoli, durante sessão do STF  - Foto: Carlos Moura/STF

A Transparência Internacional disse nesta terça-feira (6), que é vítima de retaliação pelo trabalho de combate à corrupção que desenvolve no Brasil. A direção da ONG, sediada em Berlim, divulgou um comunicado em reação à decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), que mandou investigar se o braço da entidade no Brasil se apropriou indevidamente de recursos do acordo de leniência da J&F.

A ONG destaca que a decisão vem uma semana após Toffoli ter sido citado em uma pesquisa sobre percepção da corrupção. O balanço critica o ministro por anular provas do acordo de leniência de Odebrecht.

"É lamentável testemunhar uma ação legal baseada em acusações infundadas e informação falsa, sufocando os esforços da sociedade civil para expôr a corrupção e sua influência desenfreada sobre os poderosos", diz um trecho da nota.

A Transparência Internacional no Brasil ajudou a definir diretrizes para gastos da parcela da multa do acordo de leniência da J&F (R$ 2,3 bilhões) reservada a investimentos em projetos sociais. As recomendações vão desde princípios que deveriam guiar a escolha dos projetos, como transparência, diversidade e legitimidade social, até orientações práticas para a elaboração dos editais de fomento.

A ONG nega ter recebido valores do acordo, direta ou indiretamente. A informação também foi desmentida, em 2020, pela subprocuradora Samantha Dobrowolski, que coordenou a extinta comissão do Ministério Público Federal para assessoramento dos acordos de leniência e de colaboração premiada.

Na nota divulgada nesta terça, a cúpula da Transparência Internacional afirma que, embora detalhes sobre a participação da organização no acordo sejam públicos, as "campanhas de difamação" contra a ONG se intensificaram.

O presidente global da Transparência Internacional, François Valérian, também se manifestou. Ele afirmou que a organização "não será intimidada".

"Vale ressaltar que este pedido de investigação coincidiu com a publicação do Índice de Percepção de Corrupção, uma semana antes A publicação foi acompanhada de fortes críticas ao Brasil, destacando decisões do Judiciário que perpetuaram a impunidade generalizada a esquemas de corrupção em larga escala."
 

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