Caso Marielle: defesa dispensa mulheres, e júri é formado apenas por homens; acompanhe ao vivo
Audiência de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz pela morte da vereadora e do motorista Anderson Gomes teve início nesta quarta
Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, assassinos confessos pelas mortes de Marielle Franco e Anderson Gomes, vão a júri popular, nesta quarta-feira, no 4º Tribunal do Júri do Rio, no Centro do Rio de Janeiro. O corpo de jurados, formado por sete integrantes, está composto apenas por homens.
O júri é formado após sorteio, hoje, realizado às 9h55 — inicialmente, o julgamento estava marcado para começar às 9h. Foram selecionados cinco homens e duas mulheres — estas, dispensadas pelas defesas de Lessa e Queiroz. Acusação e defesa podem recusar, cada um, até três jurados de cada lado sem precisar justificar.
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A audiência deve se estender até a madrugada.
Os dois réus respondem por duplo homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emboscada e recurso que dificultou a defesa da vítima) e pela tentativa de homicídio contra Fernanda Chaves, à época, assessora de Marielle, única sobrevivente do ataque.
O crime aconteceu há seis anos e sete meses, em 14 de março de 2018, no Estácio, bairro central do Rio.
O julgamento tem transmissão ao vivo pelo canal do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro no YouTube.
A parlamentar era o alvo do ataque a tiros realizado em 14 de março de 2018. Ao sair de um evento na Casa das Pretas, espaço coletivo de mulheres negras na Lapa, na Centro do Rio, Marielle embarcou no carro junto com Fernanda.
O veículo, dirigido por Anderson, foi emparelhado pelo Cobalt prata em que estava Lessa e Queiroz. Naquele momento o carro foi atingido por diversos disparos de uma submetralhadora HK MP5. A parlamentar foi baleada quatro vezes no rosto. O motorista também foi gravemente ferido. Os dois morreram no local.
Lessa e Queiroz foram presos pouco menos de um ano após o crime. Os dois acordaram, separadamente, delações premiadas com a Polícia Federal.
A partir delas, respostas para as perguntas "Quem mandou matar Marielle? E por quê?" começaram a ser vislumbradas apenas anos depois do crime, quando os nomes dos supostos mandantes — Domingos Brazão, Chiquinho Brazão e Rivaldo Barbosa — vieram à tona. Nos depoimentos, deram detalhes do planejamento, da execução do crime e do que se sucedeu para encobrir as provas e apagar rastros.
A audiência começa com as testemunhas de acusação. O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) indicou sete a serem ouvidas. A principal delas será Fernanda Chaves. Ainda serão ouvidas a mãe de Marielle, Marinete da Silva; a viúva dela, Monica Benício; a viúva do motorista Anderson, Ágatha Reis; Benício; uma perita criminal; e dois agentes da Polícia Civil.
Na sequência, serão ouvidas as testemunhas de defesa. A de Ronnie Lessa indicou o agente federal Marcelo Pasqualetti e o delegado Guilhermo de Paula Machado Catramby, da Polícia Federal. A defesa de Queiroz dispensou as que havia requerido.
O juiz Gustavo Kalil, titular do 4º Tribunal do Júri, decidiu que comparecerão no plenário apenas os participantes do júri. Antes definido para presidir o julgamento, será substituído pela juíza Lucia Glioche. Os réus participam por videoconferência: Lessa a partir do Complexo Penitenciário de Tremembé, em São Paulo; e Queiroz do Complexo da Papuda, presídio federal em Brasília.
Algumas testemunhas também poderão participar de forma virtual da sessão do júri. O Juízo solicitou às partes envolvidas no processo que apenas compareçam em plenário as pessoas que efetivamente participarão do júri, a fim de evitar aglomeração e tumulto.