Logo Folha de Pernambuco

STF

Caso Marielle: Domingos Brazão chora em depoimento e nega conhecer Ronnie Lessa

Em depoimento ao STF, conselheiro do TCE-RJ réu por suspeita de ser o mandante do assassinato de Marielle negou envolvimento no caso e criticou a investigação

Chiquinho Brazão Chiquinho Brazão  - Foto: Câmara dos Deputados/Divulgação

O conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ) Domingos Brazão negou conhecer o ex-policial militar Ronnie Lessa, que confessou a autoria dos assassinatos da ex-vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Domingos prestou depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito da ação penal na qual é réu suspeito de ser um dos mandantes do assassinato de Marielle.

— Nunca vi esse senhor. Primeira vez que vi a imagem do Ronnie Lessa foi saindo do IML (...) na televisão — disse.

Questionado sobre o motivo pelo qual Ronnie indicaria seu nome como mandante se eles não se conheciam, Domingos disse acreditar que Lessa só pensou em culpá-lo junto com o seu irmão, o deputado federal Chiquinho Brazão, depois que o ex-policial militar Élcio Queiroz firmou um acordo de delação premiada e detalhou que Lessa matou Marielle com disparos de uma submetralhadora e confirmou que ele estava dirigindo o carro utilizado no crime.

— Penso eu que primeiro isso só passou pela cabeça dele após a delação do Élcio. Até então ele deveria ter outros planejamentos. Já estava preso talvez há uns cinco anos. Quando o Élcio delata ele, ele tem que buscar uma saída para resolver o seu problema, haja vista que a delação do Élcio é completamente diferente da delação dele — afirmou.

O réu chorou ao longo do depoimento ao falar sobre sua família e sobre o tempo que está preso.

— Eu perdi 26 quilos. Estou perdendo a minha vida aqui dentro. Eu fui exposto para o mundo em uma ação açodada dessa sem a oportunidade de me defender — afirmou.

Em outro momento, o réu disse:

— Se ele [Lessa] tivesse me matado teria me feito um mal menor do que isso, porque eu teria morrido com honra. O que ele fez com a gente foi pior do que o que ele fez com a família da Marielle e do Anderson. Não consigo entender como esse rapaz dorme — pontuou.

O conselheiro disse, ainda, que nunca esteve com Marielle ou com Anderson e também criticou a investigação, dizendo que não foi ouvido e chamando-a de "açodada".

— Esse grupo responsável pela investigação, não sei se de maneira açodada ou por empolgação, não nos ouviu. Não nos foi dada a oportunidade de ser ouvido (...) Não houve um trabalho profundo — afirmou.

Chiquinho Brazão foi ouvido na última segunda-feira e nesta terça-feira. Na ocasião, ele negou as acusações, elogiou Marielle e afirmou que os dois tinham uma boa relação.

— É uma maldade o que fizeram. [Marielle tinha um] Futuro brilhante, sem dúvida nenhuma. Ela era uma vereadora muito amável. A gente sempre teve uma boa relação — declarou.

Veja também

Indiciamento por tentativa de golpe esvazia Bolsonaro e fortalece alternativas na direita
PARTIDOS

Indiciamento por tentativa de golpe esvazia Bolsonaro e fortalece alternativas na direita

Cúpula do Exército espera que indiciamentos estanquem surgimento de fatos sobre conduta de militares
TRAMA GOLPISTA

Cúpula do Exército espera que indiciamentos por golpe estanquem novos fatos sobre conduta de militares

Newsletter