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Caso Marielle: Élcio afirmou que não desistiu de participar do crime por medo de ser morto por Lessa

Ao responder à pergunta do desembargador Aírton Vieira, o réu colaborador disse que, se refugasse, Macalé e Suel poderiam matá-lo, mas hoje, acredita que o amigo faria o mesmo

o réu colaborar Élcio de Queiroz depõe como testemunha na ação sobre os mandantes da morte de Marielle, no STF o réu colaborar Élcio de Queiroz depõe como testemunha na ação sobre os mandantes da morte de Marielle, no STF  - Foto: Reprodução

O réu colaborador Élcio de Queiroz não hesitou ao responder quando lhe perguntaram o motivo de não ter desistido de dirigir o carro na emboscada contra a vereadora Marielle Franco: "Tive medo de morrer".

A pergunta foi feita pelo desembargador Aírton Vieira, que preside a audiência do Supremo Tribunal Federal (STF), cujo relator é o ministro Alexandre de Moraes.

Em seguida, veio outra questão: se o "compadre" e amigo de mais de 30 anos, o assassino confesso Ronnie Lessa, seria capaz de matá-lo. A resposta foi afirmativa. A audiência de instrução e julgamento refere-se à ação penal contra os mandantes do homicídio de Marielle e do motorista Anderson Gomes.

— Eu tive medo, porque já tinha muita gente sabendo: o Macalé (o sargento reformado da PM Edmilson Oliveira da Silva) e o Suel (Maxsuel Simões Corrêa). Eu tive medo de ser morto. Ronnie já estava desconfiando do Suel, que não estava conseguindo concluir o serviço. Se eu recusasse, ele iria pensar o mesmo de mim — explicou Élcio.

O desembargador foi direto:

— O senhor teve medo de ser morto até pelo seu amigo de 30 anos? O senhor acha que um compadre seu poderia matá-lo? Até então, pelo que o senhor nos contou, era uma vigilância, que se tornou uma execução?

Élcio respondeu que, analisando atualmente, tem ainda mais certeza de que sim.

O presidente da sessão continuou com as perguntas, buscando entender o motivo de um crime que, inicialmente, parecia ser bem planejado, uma vez que todos disseram que Lessa era minucioso, mas que, ao final, pelos depoimentos dos dois réus colaboradores nos últimos dias, pareceu um tanto amador.

— A impressão que tenho é que foi uma série de situações. Não consigo entender que houve um planejamento, foi quase...

Élcio se antecipou:

— Pode-se dizer um amadorismo, mas deu certo, do ponto de vista do que ele (Lessa) queria.

As perguntas do desembargador Aírton Vieira tinham como base os depoimentos dos delatores. Élcio, por exemplo, disse que Lessa queria executar Marielle ao lado da assessora parlamentar Fernanda Chaves, na saída da Casa das Pretas, na Rua dos Inválidos, no Centro, no dia 14 de março, à vista de várias pessoas. Segundo Élcio, foi ele quem disse que o local não seria adequado. Lessa teria respondido: "Vamos pegá-la aqui", mas foi desencorajado pelo motorista da emboscada.

Em outro momento, no local onde ocorreu o atentado, no Estácio, Lessa ordenou que Élcio emparelhasse o Cobalt prata deles com o Ágile branco de Anderson Gomes. Élcio ponderou que a assessora estava ao lado, mas Lessa, segundo a testemunha, garantiu que ela não seria ferida.

No entanto, as balas atravessaram o corpo de Marielle e atingiram Anderson. Neste momento, segundo Élcio, Lessa não se preocupou se alguma câmera pudesse flagrá-lo cometendo o crime, pois estava com um casaco preto cobrindo os braços e uma balaclava.

A escolha da rota de fuga também não foi planejada, de acordo com Élcio. A testemunha contou que Lessa queria descer pela Rua Vinte e Quatro de Maio, até o Méier, mas Élcio o alertou que poderia haver uma blitz. Então, o assassino confesso sugeriu que o motorista optasse pelo melhor caminho, e Élcio escolheu seguir pela Leopoldina, Avenida Brasil e Linha Amarela.

Ao final, chegou-se à conclusão de que Marielle e Anderson morreram sem um planejamento detalhado. A escolha do local e da rota de fuga foi feita por acaso.

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