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Ditadura Militar

Celebração do golpe militar é uma afronta, diz Doria sobre nota assinada por Braga Netto

Em nota publicada na terça-feira (30), o recém-anunciado ministro da Defesa, que é general da reserva, fez elogios ao golpe de 1964

Governador de São Paulo, João DóriaGovernador de São Paulo, João Dória - Foto: Governo do Estado de São Paulo

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), criticou nesta quarta-feira (31) a carta divulgada pelo novo ministro da Defesa, Walter Braga Netto, na qual afirma que o golpe militar de 1964 deve ser celebrado como parte da trajetória histórica do Brasil. O texto foi divulgado na terça-feira (30), véspera do aniversário de 57 anos do evento.

"Como filho de um deputado cassado que viveu 10 anos no exílio, considero uma afronta essa carta propondo a celebração de um golpe militar que vitimou milhares de brasileiros, não só da política –pessoas que foram silenciadas, maltratadas e altamente prejudicadas", afirmou Doria.

"Não temos nada a comemorar. Nós temos que chorar os mortos e os que foram silenciados. É muito triste que depois de tantos anos tenhamos manifestações dessa natureza. Temos que trabalhar na resistência democrática para que o estado democrático de direito não seja agredido com manifestações assim", disse.

Após ter o mandato cassado pelos militares em 1964, o pai do governador, João Agripino Doria, foi viver na Europa. O filho e a esposa o acompanharam por algum tempo antes de retornarem ao Brasil.


Em nota publicada na terça-feira (30), o recém-anunciado ministro da Defesa, que é general da reserva, fez elogios ao golpe de 1964, que deu início à ditadura militar no país (1964-1985).

 



"As Forças Armadas acabaram assumindo a responsabilidade de pacificar o País, enfrentando os desgastes para reorganizá-lo e garantir as liberdades democráticas que hoje desfrutamos", diz o general no texto.

A nota do ministro veio em dia de grande crise entre militares e governo federal. Na terça (30), pela primeira vez na história, os três comandantes das Forças Armadas renunciaram aos cargos em conjunto. Edson Leal Pujol (Exército), Ilques Barbosa (Marinha) e Antônio Carlos Bermudez (Aeronáutica) colocaram seus cargos à disposição.

O governador João Doria fez as declarações durante uma entrega de vacinas no Instituto Butantan nesta quarta-feira (31). Foram enviadas ao Ministério da Saúde mais 3,4 milhões de doses da Coronavac, usada contra o coronavírus Sars-CoV-2. Os imunizantes são encaminhados ao PNI (Programa Nacional de Imunizações) para serem distribuídos proporcionalmente entre os estados.


Com a entrega das vacinas nesta segunda, o total de unidades de imunizantes repassados pelo governo de São Paulo ao Ministério da Saúde chega a 36,2 milhões de unidades. Os envios tiveram início em 17 de janeiro.

Desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac, a Coronavac é processada e envasada pelo Instituto Butantan através de um acordo entre o governo de São Paulo com a empresa.

Segundo o Governo de São Paulo, até o fim de abril o Instituto Butantan deve entregar 46 milhões de doses da vacina. Em agosto, o total deve chegar aos 100 milhões contratados pela pasta. Novos lotes do IFA (insumo farmacêutico ativo), a matéria prima para a vacina vinda da China, devem ser entregues até o fim de março ou início de abril, segundo o Butantan.

A vacinação contra a doença é uma das maiores prioridades do combate à pandemia em meio aos números cada vez mais altos de mortes causadas pelo vírus no país. A Coronavac é, cada vez mais, a principal esperança na campanha de vacinação nacional.


A outra vacina disponível no Brasil, a Covishield, produzida por uma parceria entre a farmacêutica anglo-sueca AstraZeneca e a Universidade de Oxford, é processada pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) por meio de um acordo bancado pelo governo federal. Mas a produção tem sofrido atrasos consecutivos, e as estimativas de entregas do imunizante são constantemente reduzidas.

 

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