Celular apreendido de ex-assessor aumenta desconfiança de Lira com o Planalto após operação da PF
Ação desta quinta-feira para investigar desvios em contratos para a compra de kits de robótica em Alagoas mirou Luciano Cavalcante, lotado na liderança do PP
Desde a divulgação das primeiras notícias sobre a operação da Polícia Federal que apura desvios na compra de kits de robótica em Alagoas, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), se mobilizou para saber se há alguma digital do governo nas ações.
A apreensão do celular e do computador de Luciano Cavalcante, ex-assessor direto do deputado e hoje lotado na liderança do PP, aumentou a desconfiança do parlamentar e de seu grupo político.
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Nesta quinta-feira, Lira fez vários movimentos em busca de mais informações. Mobilizou advogados para ter acesso às decisões judiciais que geraram a operação; conversou com o ministro da Justiça, Flávio Dino, para obter esclarecimentos sobre a investigação da PF, conforme informou o G1; e ouviu de aliados e advogados que a apreensão do celular de Cavalcante se assemelha à prática do que é conhecido no direito como "fishing expediton", quando se encontra uma justificativa para fazer uma busca e apreensão com o objetivo de conseguir indícios de crimes de outras pessoas.
Um erro da Polícia Federal nesta quinta foi interpretado por Lira e aliados como mais um fator atípico na operação. A comunicação da PF informou inicialmente que a Operação Hefesto havia apreendido um cofre com R$ 4 milhões em Brasília. Em nota retificadora horas depois, esclareceu que foi em Maceió (AL).
Embora esteja irritado com a operação, Lira não admitiu o incômodo em público. O presidente da Câmara afirmou que não se sente atingido ou pressionado pela Polícia Federal. " Eu não vou comer essa corda, vou me ater a receber informações mais precisas, e cada um é responsável pelo seu CPF neste terra e neste país", disse em entrevista ao "Estúdio i", da Globonews.
Segundo o colunista Lauro Jardim, na definição de um aliado, Lira passou o dia "espumando de raiva". Nesta quinta, após a votação da medida provisória da reorganização do governo, o presidente da Câmara afirmou que o governo agora terá que andar com as próprias pernas.
Algumas pautas como as Medidas Provisórias do Minha Casa, Minha Vida, do Mais Médicos e o projeto de lei que muda as regras de votações no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) poderão ser travadas ao longo do mês de junho.
Lira também dedicou o dia a ler as decisões recentes do Tribunal de Contas da União (TCU) a respeito dos contratos com kits de robótica de Alagoas. Em abril, após voto do ministro Walton Alencar, o tribunal considerou haver indícios de fraude na compra dos equipamentos.
Segundo as investigações da PF, a compra dos kits para 43 municípios de Alagoas com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) pode ter gerado prejuízo de R$ 8,1 milhões.