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Brasil

Centrão pressiona Bolsonaro por comando do Banco do Brasil e Casa da Moeda

No mês passado, Bolsonaro pediu ao ministro da Economia, Paulo Guedes, a demissão do presidente do Banco do Brasil, André Brandão

Presidente da República, Jair Bolsonaro e Arthur Lira, Presidente da Câmara dos DeputadosPresidente da República, Jair Bolsonaro e Arthur Lira, Presidente da Câmara dos Deputados - Foto: Marcos Corrêa/PR

Com a eleição de Arthur Lira (PP-AL) para o comando da Câmara e de Rodrigo Pacheco (DEM-MG) para a presidência do Senado, partidos que integram o centrão pressionam o Palácio do Planalto a pagar já no início deste ano a fatura pelo apoio aos candidatos do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

As exigências do grupo não são apenas por espaço na Esplanada dos Ministérios, como os comandos das pastas da Cidadania e do Desenvolvimento Regional. As legendas cobram também postos de segundo e terceiro escalões sinalizados durante a campanha legislativa ou prometidos em 2020, mas que ainda não foram entregues.  A relação de cargos que, segundo assessores presidenciais, tem sido discutida desde a última terça (2) inclui do comando do Banco do Brasil à direção da Casa da Moeda.


Com o rearranjo de siglas da base aliada, o apetite dos partidos governistas abrange também postos que antes haviam sido prometidos ou mesmo já eram ocupados por indicados de congressistas do DEM, MDB e Solidariedade. Eles foram exonerados por causa do apoio de seus padrinhos ao deputado Baleia Rossi (MDB-SP).


No mês passado, Bolsonaro pediu ao ministro da Economia, Paulo Guedes, a demissão do presidente do Banco do Brasil, André Brandão. O mandatário se irritou com o plano de demissão voluntária aberto pela instituição financeira. Bolsonaro foi convencido a suspender a demissão a pedido de Guedes e do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. De acordo com relatos feitos à reportagem, porém, desde o início desta semana, ele voltou a cogitar uma troca, que seria incluída no rastro da reforma ministerial.


A fritura de Brandão passou a ganhar força após deputados do centrão terem defendido a necessidade de o Banco do Brasil ser administrado por um nome afinado a Bolsonaro, assim como é Pedro Guimarães, que comanda a Caixa. Eles criticam também o plano de fechamento de 361 agências anunciado pelo BB.


O Banco do Brasil é uma sociedade aberta, cujo preço das ações pode sofrer queda diante de interferências do poder público. O cálculo feito por integrantes do governo é de que a nomeação de um indicado pelo centrão possa evitar uma troca ministerial para acomodar uma das siglas da base.

Além da instituição financeira, a Casa da Moeda também tem sido alvo de cobiça. Neste caso, contudo, Bolsonaro tem resistido a uma mudança. O PTB, que já teve apadrinhados à frente do órgão, voltou a se interessar pelo posto. Por ora, Bolsonaro tem afirmado que manterá no cargo o vice-almirante Hugo Cavalcante Nogueira. A Casa da Moeda, responsável pela impressão de dinheiro, é vista como estratégica pela cúpula militar.

Na pasta Desenvolvimento Regional, que também deve ser incluída na reforma ministerial, as Secretarias de Habitação e de Saneamento estão no alvo de PL e PP, respectivamente. As duas siglas detêm as maiores bancadas no bloco do centrão, com 41 deputados federais cada uma.

Além deles, há interesse do bloco por cargos federais que foram retirados de apoiadores de Baleia, como a Superintendência do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) no Acre e a Superintendência do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) em Sergipe.

Desde o ano passado, deputados e senadores têm dito que o processo de aceitação das indicações para cargos no governo se tornou mais lento. Além de passar pelo filtro técnico da Abin (Agência Brasileira de Informação), os sugeridos também passam pelo que foi batizado de "Abin ideológica", uma varredura nas redes sociais para detectar publicações que tragam, por exemplo, críticas ao governo.

Segundo eles, para eleger Lira e Pacheco, a maioria dos acenos feitos pelo governo não foi baseada em cargos, mas na oferta de recursos extraorçamentários, dinheiro destinado aos cofres das bases eleitorais por indicação do parlamentar.
Conforme publicou o jornal Folha de S.Paulo na quarta (3), o presidente pretende fazer uma reforma ministerial a conta-gotas até julho. A mudança imediata, que deve ocorrer nos próximos dias, é a saída de Onyx Lorenzoni da Cidadania –que será dada ao Republicanos– para a Secretaria-Geral da Presidência.

Ao assumir a Cidadania, o partido ligado à Igreja Universal poderá indicar centenas de cargos vinculados a 19 secretarias e subsecretarias e sete diretorias. Já a Secretaria-Geral deve manter sua atual estrutura, embora esteja previsto que o titular da SAJ (Subchefia para Assuntos Jurídicos) se reporte diretamente a Bolsonaro, não mais ao ministro da pasta.

Ao levar de volta Onyx para dentro do Planalto, onde funciona o gabinete da pasta, a ideia do presidente é restabelecer um equilíbrio à chamada cozinha do governo, hoje dominada por ministros militares, alvos de críticas por falta de traquejo político.

Além de Onyx, Bolsonaro pretende levar de volta ao Planalto José Vicente Santini, amigo da família do presidente que foi demitido do posto de secretário-executivo da Casa Civil após usar jato da FAB para uma viagem exclusiva à Índia.
Em setembro, Santini já havia sido reintegrado ao governo com um cargo de assessor especial do ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente). Agora, ele deve ganhar um emprego na Secretaria-Geral.

Hoje ministro da Cidadania, Onyx era ministro da Casa Civil na época da demissão de Santini. O retorno do auxiliar ao Planalto, porém, não está sendo creditado a Onyx, mas ao próprio Bolsonaro.

Santini chegou ao governo com respaldo dos filhos do presidente, que se referem ao auxiliar como "cabeludo". Procurado pela reportagem, o assessor disse não saber da indicação. "Continuo colaborando com o governo como assessor do ministro Ricardo Salles."

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