Quebra de sigilo

CGU adia divulgação de dados de cartão de vacinação de Bolsonaro até conseguir verificar veracidade

Ao longo de sua gestão, o ex-titular do Palácio do Planalto se recusou a informar se tomou a vacina contra a Covid-19

Jair BolsonaroJair Bolsonaro - Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

A Controladoria-Geral da União (CGU) adiou a retirada do sigilo do sigilo do cartão de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), cuja divulgação estava prevista para ocorrer até esta segunda-feira (13). Ao longo de sua gestão, o ex-titular do Palácio do Planalto se recusou a informar se tomou a vacina contra a Covid-19.

Procurada, a CGU informou que a liberação dos dados ocorrerá, mas apenas após a conclusão da investigação sobre possíveis adulterações no cartão.

Em parecer divulgado nesta segunda-feira, no qual a CGU afirma que irá abrir as informações relativas ao cartão de vacinação de Bolsonaro, o órgão diz que a "decisão baseou-se no fato de que a informação referente ao status vacinal do ex-Presidente da República foi tornada pública por ele mesmo, de modo que não se aplica ao objeto do pedido a proteção".

"Diante disso, conclui-se que o acesso às informações pessoais solicitadas é compatível com a finalidade pela qual o dado pessoal foi tornado público pelo próprio titular", diz a CGU.

Além disso, a CGU afirma ter entendido que o acesso às informações que comprovam a autenticidade das declarações feitas voluntariamente pelo ex-Chefe de Estado, no que se refere ao seu status vacinal, possui interesse público geral e preponderante, pois influenciaram a política pública de imunização do Estado brasileiro durante a crise sanitária provocada pela pandemia da Covid-19.

Vacina de Bolsonaro
Ao longo de sua gestão, Bolsonaro se recusou a informar se tomou a vacina contra a Covid-19. Questionado por meio de Lei de Acesso à Informação, o então governo impôs um sigilo de até cem anos aos dados sob a justificativa que isso se referia à vida privada do então presidente.

Sob a gestão do novo ministro Vinicius Marques de Carvalho, a CGU foi encarregada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PL) de rever os sigilos da gestão Bolsonaro. O cartão de vacinação entrou nessa lista.

Em janeiro deste ano, um grupo de hackers divulgou um cartão de vacinação que supostamente seria de Bolsonaro. Nele constava o registro de uma dose da vacina contra a Covid-19, que teria sido aplicada em uma unidade de saúde em São Paulo, com data de 19 de julho de 2021.

O GLOBO apurou que as informações são apontadas como falsas pelo governo anterior, tendo em vista que nesse dia Bolsonaro se encontrava em Brasília. Ainda segundo relatos feitos à reportagem, foi constatado a ocorrência de outras tentativas de inserção de dados no cartão. A investigação apura se isso ocorreu por ação de um hacker ou de um servidor público, e ainda não foi concluída. A base de dados do cartão de vacinação é de responsabilidade do Ministério da Saúde e não da CGU.

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