Chiquinho Brazão diz que não tratou de denúncias sobre milícia quando era vereador
Em depoimento ao STF, deputado federal réu por suspeita de ser o mandante do assassinato de Marielle diz que não tinha interesse e evitava assuntos sobre milícia e tráfico
Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira, o deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ) disse que nunca tratou sobre denúncias envolvendo milícias enquanto era presidente da Comissão de Assuntos Urbanos da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro.
A oitiva ocorre no âmbito da ação penal na qual o parlamentar é réu de ser um dos mandantes do assassinato da ex-vereadora Marielle Franco.
— Essa parte [denúncias sobre a atuação de milícias] eu nunca tratei e nunca quis tratar. Até a própria Marielle, eu analisando os processos eu vi que ela também corria desse tema, porque eu tenho família, eu tenho meus filhos que votam na região de Jacarepaguá, a minha família convive em Jacarepaguá. Caso de polícia eu nunca tratei. Eu sempre disse que caso de polícia é com a polícia — disse.
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O parlamentar, que está preso, afirmou que não era possível saber se eventuais denúncias eram reais ou partiam de alguém que estava lhe testando.
— Nunca me interessei por esse tema, não me interessa esse tema, não quero saber o que é milícia, o que é tráfico. O meu caso é politicamente lutar pra que as pessoas consigam ter uma qualidade de vida melhor — pontuou.
Chiquinho Brazão afirmou que nunca foi urbanista e que "caiu nessa comissão". Aos poucos, segundo ele, foi tomando conhecimento dos problemas e recebendo as demandas da cidade.
A atuação do parlamentar na comissão e as discussões sobre um projeto de lei apresentado por ele que flexibilizava a ocupação do solo no Rio são abordados na ação. Isso porque a polícia aponta que a oposição de Marielle ao projeto teria sido o estopim para o assassinato.
O depoimento de Chiquinho foi iniciado na segunda-feira. Na ocasião, ele reconheceu ter tido uma "discordância momentânea" com Marielle devido ao projeto de lei de regularização de imóveis. O parlamentar também elogiou a vereadora.
— É uma maldade o que fizeram. [Marielle tinha um] Futuro brilhante, sem dúvida nenhuma. Ela era uma vereadora muito amável. A gente sempre teve uma boa relação — declarou.
Chiquinho é réu ao lado do conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ) Domingos Brazão, seu irmão, e do delegado Rivaldo Barbosa. Os três estão presos preventivamente desde março.
O deputado federal foi o primeiro dos réus a ser ouvido, após as testemunhas de acusação e de defesa. Ele chorou duas vezes durante o depoimento, ao falar de sua família. Chiquinho era vereador no Rio de Janeiro na época do crime, em 2018.