Cid diz que militares discutiram na casa de Braga Netto maneiras de gerar 'caos' usando o povo
Reunião ocorreu em novembro de 2022 e é usada como uma das provas da trama golpista
O tenente-coronel Mauro Cid, delator no inquérito que investigou uma tentativa de golpe de Estado, afirmou em audiência com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes que em uma reunião na casa do general Braga Netto militares discutiram maneiras de gerar um caos utilizando a população.
A reunião em questão ocorreu no dia 12 de novembro de 2022.
Cid afirmou que além dele e do general Braga Netto, os outros dois militares, o major Rafael de Oliveira e o tenente-coronel Ferreira Lima, estavam na reunião. O relator contou que participou do início da reunião, mas que depois o próprio general pediu para que ele se ausentasse.
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— Ministro, basicamente, os três [Braga Netto, Oliveira e Ferreira Lima] tinham a mesma ideia, que tinham que ser feitas.. alguma ação tinha de ser feita para que o presidente quisesse assinar um documento e as Forças Armadas entendessem a necessidade de intervir. Então, a discussão estava nesse nível: o que poderia ser feito para que tivesse um caos utilizando as massas, utilizando aquela população toda que estava na rua, para que pudesse ser decretada alguma coisa — afirmou.
Cid confirmou ao ministro que a ideia era dar apoio para que o então presidente Jair Bolsonaro tomasse uma medida excepcional que impedisse a posse do presidente Lula. Dois dias depois desta reunião, segundo o colaborador, Oliveira entrou em contato com Cid pedindo dinheiro para realizar operações que havia discutido na reunião na casa de Braga Betto.
O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, então, diz que procurou Braga Netto e recebeu como resposta a indicação de que procurasse o Partido Liberal (PL), sigla de Bolsonaro e Braga Netto, para obter o dinheiro necessário. No partido, no entanto, Cid foi avisado que não seria possível.
— Aí eu voltei no General Braga Netto e ele falou: 'Vou dar um jeito, vou tentar conseguir por outros caminhos', informou Cid. Uma ou duas semanas depois, segundo Cid, Braga Netto lhe entregou dinheiro em uma sacola de vinho.
— Eu não contei, não sei quanto, estava grampeado. E aí o De Oliveira veio buscar o dinheiro — disse. Segundo Cid, o dinheiro angariado por Braga Netto seria do "agro".

