Cientistas políticos explicam possíveis estratégias de Lula e Bolsonaro para debate de hoje (16)
Adversários se enfrentam, às 20h, com transmissão feita por um pool de veículos de comunicação
O debate entre os presidenciáveis Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), promovido pelo pool de veículos Bandeirantes, Folha de S. Paulo, portal UOL e TV Cultura, neste domingo (16), às 20h, tem gerado expectativas, principalmente por ser o primeiro confronto só com os dois neste segundo turno. A Folha de Pernambuco ouviu três cientistas políticos, que arriscaram falar sobre as possíveis estratégias que cada um utilizará para neutralizar os ataques do adversário.
Para Arthur Leandro, o que se espera é que Bolsonaro tente repetir a estratégia que foi bem-sucedida com Padre Kelmon no primeiro turno, aparteando, sem deixar o petista falar, desconcentrando-o, só que agora sem ajuda do candidato do PTB.
“Deve explorar pontos que Lula tem mais dificuldade de defender, principalmente as questões em relação à corrupção, um assunto renitente; deve xingá-lo com adjetivos inapropriados, deve trabalhar questões envolvendo a agenda de costumes, como aborto, e alguma coisa que mais afeita à figura da ex-ministra e agora senadora Damares Alves”, adiantou.
Lula poderia usar o conjunto de indicadores sociais para se qualificar diante do governo Bolsonaro, mas provavelmente não vai acontecer. “O tempo e a energia que se gasta para refutar uma notícia falsa, de cunho moral ou sensacionalista é muito grande. Então, provavelmente o debate não vai caber esse tipo de discussão mais problemática e de comparação dos resultados auferidos por cada governo”, alertou.
Leandro lembra que, pelos indicadores sociais ao longo desses quatro de Bolsonaro, ou melhor, desde o fim do governo Dilma, o Brasil entrou em processo de declínio em função de uma série de problemas. “Isso foi agravado pela pandemia e inabilidade do presidente em administrar a economia, geração de empregos etc.”, analisou.
Priscila Lapa acha que o debate será mais do mesmo. “Possivelmente, Bolsonaro irá tentar uma cartada final contra Lula, a fim de gerar o sentimento de medo no eleitor, ao associá-lo ao crime e à corrupção. Vai tentar trazer algum fator "bomba" que possa desestabilizar o adversário”, arriscou.
Lula, por sua vez, diz Priscila, deve buscar desconstruir a gestão Bolsonaro, associando-o à incompetência e à má gestão. “Provavelmente vão iniciar calmos, mostrando serenidade, mas em seguida partirão para o ataque e contra-ataque. Não deve ser nada muito diferente do que assistimos na campanha até agora”, revelou.
Para Alex Ribeiro, a tática de Bolsonaro deve ser a de todo o mandato contra qualquer opositor: de confronto, tentando associar Lula à ideia de “corrupto” e de comunista. “Para Bolsonaro e seus seguidores, Lula vai “tirar a liberdade do povo” e “destruir as famílias brasileiras “. O debate dos costumes, então, estará em evidência”, lembrou.
Lula, segundo Ribeiro, usará a estratégia de defesa da economia em seu governo e como o país ficou prejudicado nos últimos anos. A acusação na falta de combate à pandemia e no confronto de Bolsonaro com as instituições também deverá ser utilizado. Ele lembra que, ao contrário do primeiro turno, “Lula não deverá ficar na defensiva. A ideia é a desconstrução do outro. Aumentar a rejeição do adversário é a estratégia ótima para ambos”, pontuou.