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FORÇA POLICIAL

Cláudio Castro promete ir ao STF contra decreto de Lula com regras sobre uso da força policial

Governador do Rio de Janeiro chamou medida de 'absurdo': 'Sabem quem ganhou um presentão de Natal? A bandidagem'

Cláudio Castro, governador do Rio de JaneiroCláudio Castro, governador do Rio de Janeiro - Foto: Rogério Santana/Governo do Rio de Janeiro

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), anunciou nesta quarta-feira que irá acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) contra o decreto do Ministério da Justiça sobre o uso de forças policiais em todo o país.

O chefe do Executivo fluminense afirmou que o texto que prevê o uso da força e de armas de fogo apenas em último recurso é um "presentão de natal para a bandidagem".

Neste contexto, irá reagir judicialmente. "Nós do Rio vamos entrar imediatamente com uma ação no STF para cassar esse absurdo. Por fim, espero que a população cobre dos responsáveis por esse decreto quando bandidos invadirem uma residência, roubarem um carro ou assaltarem um comércio", disse o governador fluminense.

 

Castro ainda criticou a falta de diálogo sobre a medida:

"Decreto sem diálogo, publicado na calada da noite, sem amparo legal e numa clara invasão de competência! Agora, para usar arma de fogo, as polícias estaduais terão que pedir licença aos burocratas de plantão em Brasília! Uma vergonha!!! Que o Congresso Nacional se levante e casse esse decreto absurdo", concluiu.

Assim como Castro, outros governadores acompanharam as críticas. Em Goiás, Ronaldo Caiado (União), afirmou que a medida promove um maior engessamento das forças policiais. Sobre o repasse às unidades da federação, Caiado subiu o tom:

"O decreto impõe aos estados que, caso não sigam as diretrizes do governo do PT para a segurança pública, perderão acesso aos fundos de segurança e penitenciário. Trata-se de uma chantagem explícita contra os estados, que acaba favorecendo a criminalidade", disse.

Na mesma toada, Ibaneis Rocha caracterizou o decreto como uma intervenção federa. Segundo o titular do Distrito Federal, a segurança pública deve ser responsabilidade dos governos estaduais.

"Interferência total. Uma pena que o governo federal, ou melhor, o presidente Lula não saiba seu espaço. Quem faz segurança pública são os estados", disse em entrevista à CNN Brasil.

Bancada da bala reage
Deputados ligados à bancada da bala incorporam o coro dos governadores contra o decreto. Rodolfo Nogueira (PL-MS) anunciou que irá apresentar um projeto de lei para sustar o decreto, logo após o retorno das atividades legislativas, em fevereiro.

Segundo ele, a medida do governo federal representa uma grave ameaça à segurança pública e favorece a criminalidade.

"Ao limitar a atuação policial, o governo Lula coloca em risco a vida de milhões de brasileiros, enfraquecendo quem deveria proteger a população e fortalecendo a bandidagem. Essa medida é mais um exemplo de como o atual governo está mais preocupado em combater a polícia do que o crime. Não podemos aceitar isso", afirmou Nogueira.

A reação foi seguida por outros colegas como Sanderson (PL-RS), que afirmou que a medida é um entrave no combate ao crime.

"As novas restrições impostas pelo governo dificultam a impunidade. Precisamos de uma política fortalecida para agir ", disse.

Pedra no sapato
A segurança pública no governo Lula tem despertado insatisfação com os governadores. Antes do decreto, o principal impasse se deu pela Proposta de Emenda à Constituição (PEC).

Os governadores do Consórcio de Integração Sul-Sudeste (Cosud) puxaram o repúdio.

"A segurança pública deve ser construída com base na colaboração, no respeito às diferenças regionais e no fortalecimento das capacidades locais, e não por meio de uma estrutura centralizada que limita a eficiência e amplifica a burocracia", diz a Carta de Florianópolis, assinada por Jorginho Mello (SC), Cláudio Castro (RJ), Tarcísio de Freitas (SP) Romeu Zema (MG), Renato Casagrande (ES) e Ratinho Júnior (PR).

No final de outubro, Zema e Jorginho Mello recusaram convite do presidente Lula (PT) para participar de reunião que discutiu o tema. Em ofício no qual justificou sua ausência, Zema detalhou pontos em que o Cosud queria alterações.

O consórcio acredita que poderia ser possível o compartilhamento de informações da tornozeleira eletrônica sem autorização judicial, caso haja violação do uso. Os governadores do Sul e do Sudeste também sugerem que membros de organizações criminosas sejam incorporados na Lei de Crimes Hediondos, prolongando suas penas.

O que diz o decreto
Publicado no Diário Oficial desta terça-feira, o decreto prevê que agentes policiais só devem usar armas de fogo em último recurso, em caso de risco pessoal.

O uso da força física também deve ser evitado. Para implementar essas medidas, os profissionais passarão por uma capacitação.

"A força letal não pode ser a primeira reação das polícias. (...) Só podemos usar a força letal em última instância. É preciso que a abordagem policial se dê sem qualquer discriminação contra o cidadão brasileiro", justificou o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski.

A adoção das medidas não é obrigatória, mas servirá como condição para o repasse de verbas do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP), principalmente na aquisição de equipamentos.

Desta forma, o governo pretende fazer com que as regras federais sejam implementadas pelos 27 entes federados.

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