Com aliado de Bolsonaro, Lula faz aceno aos evangélicos e sanciona lei que cria dia da música gospel
Otoni de Paula (MDB-RJ) esteve no Palácio do Planalto para acompanhar solenidade
Em novo aceno aos evangélicos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou nesta terça-feira a lei que cria o Dia Nacional da Música Gospel. A cerimônia de sanção ocorreu com a presença do deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ), aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, que fez elogios ao atual presidente.
Lula enfrenta resistência no segmento, majoritariamente apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro, e tem tentado estratégias de aproximação desde que voltou ao Palácio do Planalto.
— O senhor é a prova que pode divergir politicamente, durante as eleições, sem permitir, contudo, que as paixões eleitorais contaminem a gestão governamental, que deve olhar e cuidar a pluralidade, seja cultural ou religiosa desse imenso Brasil.
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Apoiador de Bolsonaro, Otoni de Paula disse a Lula que os evangélicos "não tem um dono" e nem escolhem um candidato por idolatria ou revelação divina:
— Nós, evangélicos, uma parcela cada vez mais importante nas decisões e escolhas políticas dessa nação, não convergimos na grande maioria em torno de um candidato a cargo eletivo por idolatria ou revelação divina, como se Deus fosse membro de um partido ou votasse em alguém. Nossas escolhas são pautadas em crenças e valores. Não temos um dono, senhor presidente. Somos um corpo plural em nossa visão de mundo a partir do nosso entendimento das santas escrituras.
O parlamentar disse que, "fora do palanque eleitoral", se dirigia a Lula presidente da República e não ao Lula do PT. Otoni de Paula também lembrou que Lula sancionou, em 2003, a Lei de Liberdade Religiosa, no primeiro ano do primeiro mandato de Lula na presidência:
— As igrejas e organizações religiosas passaram, graças ao senhor, ao sancionar aquela lei, a ter personalidade jurídica, fazendo correções jurídicas no código civil, permitindo que as igrejas deixassem de ser simples personalidades como entidade de classe ou clubes de futebol. Assim, cada igreja passou a ter direito de fazer valer seu próprio estatuto.
Recentemente, Lula sancionou a lei que cria o Dia do Pastor Evangélico e outra que reconhece as expressões artísticas cristãs. Além disso, em agosto, a Fundação Perseu Abramo, braço teórico do PT, também elaborou uma cartilha para orientar o diálogo de candidatos do partido com religiosos na eleição municipal deste ano.
Desde que assumiu o Palácio do Planalto em seu terceiro mandato, Lula determinou a veiculação de campanhas publicitárias do governo para tentar aumentar o diálogo com os evangélicos, e pediu aos ministros com maior entrada no setor que reforçassem a aproximação com o Planalto.
Uma das críticas apontadas por aliados é que falta em Lula a postura de dialogar com membros da igreja que estejam mais abaixo na hierarquia e, portanto, tenha mais contato com os fiéis.
Apesar do esforço, pesquisa Datafolha divulgada na semana passada mostra que o presidente segue com alta rejeição entre os religiosos. Ao todo, 41% dos evangélicos não aprovam a gestão petista.