Com anuência de governistas, comissão aprova convocação de GDias, ex-ministro de Lula
Data do depoimento ainda será agendada, mas base quer que ele seja um dos últimos a ser ouvido
Após uma resistência da base do governo sobre convocar Marco Edson Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), na CPI mista do 8 de Janeiro no Congresso, parlamentares governistas cederam a pressão e corroboram para que o general seja ouvido no colegiado.
O requerimento de convocação de GDias foi aprovado de forma simbólica na comissão e a data para sua oitiva ainda não foi marcada. Segundo o presidente da comissão, Arthur Maia (União-BA), a aprovação foi firmada em um acordo com a relatora Eliziane Gama (PSD-MA).
O general só deverá ser ouvido mais para frente porque a comissão quer seguir uma cronologia dos acontecimentos que levaram ao 8 de janeiro, iniciando nas eleições de 2022.
A base do governo de Luiz Inácio Lula da Silva vinha barrando a convocação do general, apesar da pressão de bolsonaristas para que ele fosse chamado. Na semana passada, o presidente da CPI do 8 de Janeiro, deputado Arthur Maia (União-BA), se queixou do fato de o colegiado ter rejeitado convocar alguns dos nomes pedidos em requerimentos.
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O general de Lula
O ex-ministro do GSI trabalhou no governo do presidente Luiz Inácio Lula Silva e saiu após ser flagrado por câmeras de segurança interagindo com os autores dos ataques dentro do Palácio do Planalto. A oposição tenta emplacar a tese de que o governo Lula se omitiu.
Deputados da base afirmam que ainda não é o momento de se ouvir o ex-GSI no colegiado e que ele será chamado em um momento oportuno.
GDias foi um dos campeões de pedidos de convocação. A maioria foi apresentado por parlamentares da oposição, como Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e delegado Ramagem (PL-RJ), mas também há da base do governo, como Rafael Brito (MDB-AL) e Duarte (PSB-MA).
Para oposição, GDias é um personagem crucial nas investigações e tem sido o alvo preferido de críticas de suposta negligência do governo nas invasões aos prédios públicos ocorridas no 8 de janeiro. Embora tenha maioria na CPI, o governo avalia que a oposição vá explorar documentos que apontem suspeita de falha de avaliação do risco de invasão.
Sigilo x investigado
Governistas acordaram com a convocação depois que a oposição desistiu de pressionar pela aprovação de pedidos de documentos sigilosos.
"Enquanto tiver investigado na comissão, não vamos aceitar os pedidos de documentos sigilosos" afirmou o deputado Rubens Pereira Junior (PT-MA).
A base pede para que o deputado André Fernandes (PL-CE), autor do pedido de criação da CPI, seja expulso da comissão. Ele é investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeita de incitar os atos golpistas de 8 de janeiro.
Requerimento de informação
Antes da aprovação da convocação de GDias, os parlamentares aprovaram também um bloco de pedidos de informação, excluindo documentos sigilosos.
Foi aprovado o pedido do inteiro teor de inquéritos e processos, inclusive os já arquivados, sobre os atos golpistas. Foi pedido também ao Supremo Tribunal Federal (STF) dados constantes de inquéritos relacionados ao financiamento de atos antidemocráticos.