Com candidatos ligados a Lula e Bolsonaro, MDB admite que Tebet não terá apoio exclusivo
Na última pesquisa Datafolha, divulgada em dezembro, Tebet aparece com 1% de intenção de voto
Ao mesmo tempo em que trabalha para alavancar a candidatura da senadora Simone Tebet (MS), o MDB já admite que, em alguns estados, seus candidatos vão apoiar, ao mesmo tempo, outros presidenciáveis. Diante disso, a direção da sigla considera natural o surgimento de palanques duplos em algumas regiões do país.
Em Alagoas, Maranhão e no Ceará, o partido possui alianças históricas com o PT e pode integrar o palanque do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Já no Rio Grande do Sul, a legenda é controlada pelo deputado ruralista Alceu Moreira, aliado de Jair Bolsonaro (PL).
Na última pesquisa Datafolha, divulgada em dezembro, Tebet aparece com 1% de intenção de voto. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Presidente da legenda, o deputado Baleia Rossi (SP) tem negado que o partido vá retirar a candidatura mais à frente e que o intuito seja cacifar o partido nas negociações de alianças. O presidenciável do PSDB, João Doria, por exemplo, gostaria de ter a senadora como vice em sua chapa.
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A pré-candidatura de Tebet enfrenta resistências no partido, assim como ocorreu quando ela disputou a presidência do Senado e perdeu para Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Na ocasião, ela não contou com o apoio da própria bancada.
Um líder do MDB no Nordeste, próximo a Lula, afirma que se a candidatura dela não for competitiva, “pode gerar desgaste” para postulantes a governos estaduais e ao Legislativo. O mesmo político ressalta ainda que não há martelo batido até a convenção partidária, em agosto.
A avaliação em parte da sigla é que os candidatos do MDB precisam estar diretamente associados a um nome forte na disputa pela Presidência para alavancar seus nomes nos estados.
Como ponto de partida para discussões programáticas, a senadora pretende usar o plano econômico do ex-presidente Michel Temer, “Ponte para o Futuro”, que teve uma versão lançada em 2015 e está sendo revisado. Entre as diretrizes do plano estão o fim de indexações para salários e benefícios, desburocratização, orçamento com base zero, ou seja, com todas as despesas sendo decididas anualmente pelo Congresso, e prioridade à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico. Algumas mudanças devem ser feitas para deixar o programa mais alinhado com as necessidades do pós-pandemia.
Mesmo após a notoriedade conquistada com a CPI da Covid, integrantes da campanha de Tebet reconhecem que a senadora ainda é uma “ilustre desconhecida” para grande parte do eleitorado. Para eles, isso mostra que a senadora tem espaço para crescer nas pesquisas quando conseguir nacionalizar seu nome.
A senadora planeja começar a viajar pelo país a partir de fevereiro. O tour deve incluir estados onde o MDB tem base sólida, como Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Alagoas, Pernambuco e Pará.
Com relação aos adversários, a campanha deve começar a mirar no ex-juiz Sergio Moro (Podemos), que apareceu com 9% no último Datafolha. O objetivo é reiterar que ele, Bolsonaro e Lula são personagens de uma mesma história que trouxe o Brasil até a atual crise.