Com Gleisi na articulação política, Lula mantém núcleo duro do governo nas mãos do PT
Deputada vai assumir chefia das Relações Institucionais no lugar de Alexandre Padilha
Cobrado a abrir o núcleo central do governo a partidos aliados para refletir a frente ampla que o elegeu em 2022, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mais uma vez resistiu e manteve os ministérios com assento no Palácio do Planalto nas mãos exclusivamente de petistas.
O Centrão queria o líder do MDB, Isnaldo Bulhões (MDB-AL), no comando da Secretaria de Relações Institucionais (SRI) com o argumento de que o governo teria mais facilidade para aprovar seus projetos no Congresso. O presidente, porém, não cedeu a esse apelo.
Nos seus governos anteriores, Lula havia aceitado entregar o comando da articulação a outras legendas. Em seu primeiro mandato, Aldo Rebelo, na época no PCdoB, ocupou a função.
No segundo governo, o petista colocou dois nomes de centro no comando da articulação política: Walfrido dos Mares Guia e José Múcio, hoje ministro da Defesa. Ambos ocuparam a pasta quando estavam filiados ao PTB.
De acordo com aliados, Lula entendeu que mesmo que fizesse o movimento de abertura não conseguiria ter a garantia de que o partido do ministro escolhido estaria com ele ou com o nome que indicar na eleição de 2026. Sendo assim, teve uma preocupação principal de tentar organizar a linha política do governo com uma pessoa de sua estrita confiança ao seu lado.
Pesou também contra Isnaldo o fato de o líder do MDB não ter intimidade com o presidente. Com necessidade de despachos quase diários, Lula quer ter na articulação política uma pessoa com quem tenha liberdade.
Aliados de Gleisi Hoffmann acreditam que para compensar a escolha de uma petista para a SRI, Lula deve escalar um nome de um partido de centro para a liderança do governo na Câmara, no posto que hoje é ocupado pelo petista José Guimarães (CE).
Também possuem gabinete no Palácio do Planalto os ministérios da Casa Civil, que tem em sua chefia o petista Rui Costa; a Secretaria de Comunicação Social (Secom), comandada por Sidônio Palmeira, que não é filiado ao partido, mas foi o marqueteiro de Lula na campanha de 2022 e atuou em outras campanhas da legenda na Bahia; o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), liderado pelo general Marcos Amaro; e a Secretaria-Geral, hoje com o petista Márcio Macêdo. Existe chance de Macêdo ser substituído por um outro nome do PT.