Com infração de trânsito, Bolsonaro participa de 'motociata' em São Paulo
Evento partiu do Anhembi, na capital, com destino a Americana, no interior do estado, em um trajeto de 130 quilômetros e a um custo de R$ 1 milhão aos cofres públicos
O presidente Jair Bolsonaro (PL) participa nesta Sexta-feira Santa de um passeio de moto, apelidada "motociata" em São Paulo. É a segunda vez que o evento é organizado na cidade.
Apoiadores do presidente se reuniram de moto no entorno da Praças Campo de Bagatelle, ao lado do Sambódromo, na Zona Norte de São Paulo.
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Bolsonaro chegou ao local de camionete por volta das 9h45 e parou para cumprimentar apoiadores. Ele estava acompanhado do ex-ministro da Infraestrutura e pré-candidato a governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.
Estavam presentes também o ex-secretário da Pesca, Jorge Seif, o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, os deputados federal Capitão Augusto (PL) e estaduais Gil Diniz (PL) e Wellington Moura (Republicanos).
Por volta das 10h, ele colocou um capacete do tipo "coquinho", sem viseira e sem proteção para o maxilar — o que é proibido para motociclistas e pode render multa grave —, subiu numa moto e iniciou o trajeto.
O evento partiu da Marginal Tietê, na altura do sambódromo do Anhembi, na capital, e vai até o município de Americana, no interior do estado, em um trajeto de 130 quilômetros.
A motociata passará pelas avenidas Santos Dumont, do Estado e pela Marginal Tietê, até chegar à Rodovia dos Bandeirantes, que ficará interditada no sentido interior até 15h. Os motoristas terão de usar apenas a Rodovia Anhanguera para deixar a capital paulista em direção às cidades da região.
O evento vai custar R$ 1 milhão aos cofres públicos e mobilizar 1.900 policiais militares ao longo do percurso. A Secretaria de Segurança Pública informa que a segurança é necessária "para proteger as pessoas, preservar patrimônios e garantir o direito de ir e vir, bem como o de livre participação no ato e a fluidez no trânsito".
A Polícia Militar informou que é proibido aos participantes levar objetos que possam atentar contra a integridade física dos demais participantes do ato, da população e de policiais, como armas de fogo, armas brancas, fogos de artifício, sinalizadores e drones. Quem portar este tipo de objeto será conduzido à delegacia para registro de ocorrência.
O esquema de segurança para o evento conta com 22 Bases Comunitárias Móveis, quatro drones, quatro cães e até mesmo três helicópteros Águia.
A motociata foi batizada de Acelera para Cristo e tem entre os organizadores o empresário Jackson Vilar da Silva. É a segunda vez que Vilar organiza o evento em São Paulo com a presença de Bolsonaro.
Em junho de 2021, a motociata fez o mesmo trajeto, mas voltou ao Parque do Ibirapuera depois de chegar a Jundiaí. Na ocasião, o presidente, ministros e deputados aliados foram multados por não usar máscara, exigência segundo decreto então vigente no estado.
Vilar é empresário e já organizou protesto contra as medidas restritivas do governo de São Paulo para combater a pandemia. Foi candidato a deputado em 2018, é conhecido no meio evangélico e irmão do cantor gospel Jonar Vila.
Em seu blog, a jornalista Bela Megale informa que Jackson Vilar da Silva recebeu R$ 5.700 de auxílio emergencial do governo federal entre abril de 2020 e outubro de 2021, segundo informações do Portal da Transparência.
Jackson ainda recebia o auxílio quando se apresentou como um dos realizadores de outra motociata com Bolsonaro em São Paulo, realizada em junho do ano passado.