Com racha com Ciro, Cid Gomes deve assumir diretório estadual do PDT com licença de André Figueiredo
Após reunião em Brasília, expectativa é de que deputado deixe o cargo até o final da semana
Após uma racha interna dentro do PDT, o deputado federal André Figueiredo deve se licenciar do cargo de presidente do diretório municipal do Ceará até o final desta semana. Em seu lugar, o senador Cid Gomes assumirá o posto, apesar da falta de apoio de seu irmão — o ex-governador e candidato à Presidência em 2022, Ciro Gomes. Mesmo com acordo estadual, Figueiredo seguiria no comando interino da sigla, na esfera nacional.
Nesta quarta-feira, em Brasília, Cid, Figueiredo e o presidente nacional licenciado, o ministro da Previdência Social Carlos Lupi, e toda a bancada do PDT se reuniram para discutir o destino estadual. As tratativas continuam nesta quinta-feira.
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Com Cid no comando do diretório de forma interina, o senador deve focar no fortalecimento das eleições municipais de Fortaleza, no intuito de costurar um acordo com o PT no Ceará. O movimento é rechaçado por Ciro, que visa a independência da sigla e defende uma chapa puro-sangue.
Nesta quarta-feira, em declaração à imprensa, Cid teceu críticas ao irmão e afirmou que a relação de fraternidade chegou ao fim.
— Para mim o que havia de mais importante era a fraternidade do Ciro em relação a mim. Pelo visto, está perdida. Pelo visto, está perdida. Bom, vamos pra frente, mas assim, eu continuo na minha disposição firme de entender que problemas familiares se resolvem internamente, se resolvem em família — disse o senador.
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Como noticiou o Globo, a disputa interna tem influencia das eleições municipais do ano que vem em Fortaleza. O grupo de Ciro defende a reeleição do atual prefeito, Sarto, que tem sido alvo de críticas dentro e fora do PDT.
Recentemente, perdeu apoio popular por crises, como a gerada pela taxa do lixo, cobrança aprovada pela Câmara Municipal em dezembro passado, mas suspensa por decisão judicial. O projeto criou um imposto com valores de R$ 258 a R$ 1.600 por ano para imóveis da capital, baseado na quantidade de lixo produzido.
Já Cid aposta novamente num discurso conciliador e de retomada da aliança com o PT.
— Fazemos uma comparação: Fortaleza vinha sendo muito bem avaliada na gestão de Roberto Cláudio, vinha imprimindo um ritmo alto de ações. Não há dúvidas de que era melhor (que a gestão de Sarto). Creio que antes de se pensar em reeleição, precisamos pensar em projeto político. O nome é consequência, temos primeiro que fazer essa reaproximação — afirmou o senador ao GLOBO.
Por mais de 20 anos, PDT e PT formaram uma aliança na capital e no estado. O rompimento ocorreu no ano passado, após a recusa de Ciro em se atrelar à figura de Lula nos palanques estaduais. Diferentemente do irmão, Cid declarou voto na disputa contra Bolsonaro, no segundo turno das eleições.