Com Temer, comitiva brasileira leva mantimentos e quer tentar apaziguar o Líbano
O governo libanês enfrenta uma série de protestos após a enorme explosão que destruiu parte de Beirute no último dia 4
Uma missão brasileira liderada pelo ex-presidente Michel Temer (MDB) viajou para o Líbano na manhã desta quarta (12) para enviar insumos e sob promessas de tentar "ajudar a solucionar os embates políticos" do país. Temer e outros representantes brasileiros, como o presidente da Fiesp (Federação de Indústrias de São Paulo), Paulo Skaf, devem se encontrar com o presidente do Líbano, Michel Aoun, nesta quinta (13), logo após a chegada da comitiva no país do Oriente Médio.
O governo libanês enfrenta uma série de protestos após a enorme explosão que destruiu parte de Beirute no último dia 4. Na capital manifestantes pedem inclusive a saída de Aoun, acusado pela população de ser um dos responsáveis pela tragédia, que deixou ao menos 220 mortos.
Os protestos levaram o primeiro-ministro Hassan Diab a anunciar a renúncia coletiva de seu governo. Com a comitiva, o governo brasileiro enviou pelo menos seis toneladas de alimentos, insumos e remédios ao Líbano. "[Temos] Convicção de que lá seremos muito bem recebidos e todos lá [estarão] desejosos de que o Brasil possa exercitar não apenas função humanitária, mas, tendo em vista os vínculos tradicionais entre ambos os países, também possa ajudar a solucionar os embates políticos, com autorização naturalmente das autoridades libanesas", disse Temer em cerimônia na Base Aérea de São Paulo, em Guarulhos (SP), antes de embarcar.
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Segundo ele, que não deu mais detalhes, a intenção é "dar a nossa colaboração para a pacificação interna daquele país".
Ao seu lado, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) também discursou, mas com tom menos político que seu antecessor.
"O mundo atravessa uma pandemia, todos nós sofremos com isso. Quis o destino, lamentavelmente, que nossos irmãos do Líbano fossem acometidos também por esse desastre", afirmou antes de agradecer aos enviados e elogiar a comunidade libanesa no Brasil. Ele saiu sem falar com os jornalistas.
Além de Temer e Skaf, irão ao Líbano outras 11 pessoas, entre políticos, empresários e militares. Convidado por Bolsonaro a liderar a missão, o ex-presidente teve de pedir à Justiça uma autorização para deixar o país. O pedido foi acatado pelo juiz Marcelo Bretas, responsável pelas decisões da Lava Jato do Rio.
Temer, que é filho de libaneses, responde a sete processos, que tramitam no Rio, no Distrito Federal e em São Paulo, e chegou a ser preso preventivamente, em março de 2019. Ao deixar a cadeia, ele teve o passaporte retido, uma das condições impostas ao sair da prisão. Por duas vezes, em 2019, recorreu a juízes de segunda instância para fazer viagens internacionais.
Na lista da comitiva que a caminho do Líbano estão também os senadores Nelsinho Trad (PSD-MS) e Luiz Pastore (MDB-ES). O grupo deve chegar na quinta-feira ao país, onde cumprirá agenda de encontros com autoridades locais do Executivo e do Legislativo. A expectativa é que retorne ao Brasil na sexta (14).
"Eu espero que a gente encontre uma situação tranquila", disse Skaf antes do embarque. "Se nós pudermos ajudar em alguma coisa para apaziguar os ânimos, e a temperatura está bastante alta lá, vamos pensar em fazer também."
No total, dois aviões da Força Aérea Brasileira partiram para o Líbano. Um deles transporta ventiladores pulmonares, máscara cirúrgicas, kits de primeiros-socorros e material de construção, além de ao menos 500 cestas básicas e meia tonelada de medicamentos e equipamentos doadas pela Câmara de Comércio Brasil-Líbano. O outro leva a comitiva.