Comando do PSL, que apoia candidato de Maia, vê debandada pró-Lira
Diante dos embates no PSL, a campanha de Lira torce para que a demonstração de força do líder do centrão nesta semana provoque mais defecções no campo do adversário
A adesão do PSL ao bloco de apoio ao deputado Arthur Lira (PP-AL) na disputa pela presidência da Câmara fez dirigentes da legenda intensificarem movimento para tentar reconquistar dissidentes. A cúpula do partido apoia Baleia Rossi (MDB-SP). Lira é o candidato à presidência da Casa apoiado por Jair Bolsonaro (sem partido). Baleia, que é o candidato do atual presidente, Rodrigo Maia (DEM-RJ), lidera um grupo de partidos, incluindo siglas da oposição, que faz frente ao ocupante do Palácio do Planalto.
Diante dos embates no PSL, a campanha de Lira torce para que a demonstração de força do líder do centrão nesta semana provoque mais defecções no campo do adversário. São esperadas traições em siglas de centro que poderiam também aderirem formalmente a Lira.
Aliados do deputado apoiado pelo Planalto calculam que haverá traições em partidos como PSDB e DEM. As direções de ambas as legendas – que têm 33 e 29 deputados, respectivamente– anunciaram apoio a Baleia.
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A expectativa é rachar os partidos ao meio para que deputados coletem a metade das assinaturas mais uma de cada legenda e forcem a migração para o bloco de Lira.
Seria um movimento semelhante ao do PSL, sigla pela qual Bolsonaro se elegeu presidente em 2018 e que ainda abriga um de seus filhos, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).
Nesta quinta-feira (21), a Mesa Diretora da Câmara deu aval para que o PSL ingresse no bloco de Lira. O candidato do PP conseguiu a assinatura de 36 deputados dos 53 que foram eleitos pela legenda.
Na semana passada, Lira havia conseguido a assinatura de 32 congressistas, dos quais 17 tinham sido suspensos. O deputado fez uma nova investida sobre a sigla para conseguir a metade mais um da bancada que está ativa e não sofreu sanções.
A maioria dos apoios obtidos por Lira é de bolsonaristas. Os quatro últimos que aderiram ao seu bloco, porém, eram considerados pela direção do PSL aliados da cúpula do partido, que se posiciona contra Bolsonaro.
A adesão a Lira irritou dirigentes. "É uma questão intrapartidária. Foram pessoas beneficiadas pelo partido, receberam fundo, presidem diretórios estaduais", disse o deputado Júnior Bozella (SP), vice-presidente do PSL.
"A gente tem tentado puxar o grupo do PSL para uma reflexão, porque a história vai cobrar a fatura. Eles estão fadados ao insucesso porque estão traindo a população brasileira", afirmou.
Os deputados Charlles Evangelista (PSL-MG), Delegado Pablo (PSL-AM) e Nicoletti (PSL-RR) são presidentes de diretórios estaduais. Júnior Bozella defendeu que, caso sigam com Lira, percam os cargos de direção no partido.
O tamanho do bloco partidário é relevante porque define a ordem de prioridade de cada partido na escolha de cargos na Mesa Diretora e nas comissões.
Os grupos têm até o dia 1º de fevereiro para ser definidos e podem mudar até lá. Até agora, o bloco de Baleia somava 291 deputados. Sem o PSL, ele cai para 238, enquanto o de Lira sobe para 272.
O voto para a presidência da Câmara é secreto. Logo, os blocos não refletem o placar final da eleição.
A pouco mais de uma semana do pleito, cada candidato investe nos locais em que precisa captar mais votos. Os maiores desafios para Baleia, segundo aliados, estão no Rio de Janeiro e no Paraná.
Já Lira fez nesta semana uma ofensiva em São Paulo. O deputado do PP afirmou nesta quinta ter o apoio da maioria dos deputados paulistas, apesar de o governador João Doria (PSDB) apoiar seu adversário.
"São Paulo está do nosso lado. Quem vota na eleição da Câmara são os deputados. Os governadores, eu respeito institucionalmente, cada um pode tomar a sua posição, mas a campanha é feita internamente", afirmou Lira.
"Minha campanha é a proposta do nós, acabando com a centralização da pauta e a governabilidade do eu", disse, em crítica endereçada a Baleia.
Lira está percorrendo o país em campanha e chegou à capital paulista na quarta-feira (20). Segundo aliados, um jantar de apoio reuniu 43 deputados federais de São Paulo e outros 31 de outros estados.
Estavam presentes também os presidentes de seis partidos – PSD, PP, PL, Podemos, Avante e Republicanos.
Aliados de Baleia contestam o favoritismo alegado por Lira no estado. De acordo com eles, a disputa ainda está em aberto, com 13 deputados paulistas indecisos.
Nesta quinta pela manhã, Lira teria reunião com o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB). O encontro, no entanto, acabou cancelado por conflito de agendas.
O deputado teve uma reunião com representantes do mercado financeiro e conversou com Bruno Covas apenas por telefone.
De acordo com tucanos, o contato com o prefeito ocorre por questão institucional e de educação. Para aliados de Doria, Lira busca votos em São Paulo porque o estado tem a maior bancada do país, com mais de 70 deputados.
Lira falou à imprensa após palestra na Associação Comercial de São Paulo, onde esteve acompanhado por cerca de 20 deputados.
Também estavam presentes o ex-ministro Gilberto Kassab, presidente do PSD e ex-secretário de Doria, e o secretário municipal da Casa Civil, Ricardo Tripoli (PSDB), representando Covas. Kassab já declarou seu apoio a Lira.
A investida de Lira em São Paulo ocorre após gesto de Doria a favor de Baleia. Na sexta-feira (15), o governador ofereceu ao emedebista um almoço que reuniu cerca de 20 parlamentares e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, no Palácio dos Bandeirantes.
Após o almoço, Doria concedeu entrevista à imprensa para declarar seu apoio a Baleia.