BRASÍLIA

Comissão da Câmara vai analisar recurso de parecer que pede cassação de Brazão

Sessão foi convocada em meio ao recesso da Câmara, por iniciativa da defesa de deputado

O deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ) O deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ)  - Foto: Reprodução

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara julgará, na próxima segunda-feira, um recurso apresentado pela defesa do deputado Chiquinho Brazão (sem partido) em relação ao relatório aprovado em agosto no Conselho de Ética da Casa que pede a sua cassação por envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), em 2018.

A sessão foi convocada em meio ao recesso da Câmara, por iniciativa da defesa de Brazão. Os advogados dele argumentam que o relatório foi feito pela deputada Jack Rocha (PT), que já havia votado pela manutenção da prisão de Brazão e se manifestado pela perda do mandato, anteriormente ao fato de ter sido sorteada para a relatoria do caso e, por isto, seria "tendencioso".

Os advogados dizem também que há falta de isonomia, já que o crime é anterior ao mandato de Brazão. O relator do recurso de Brazão na CCJ é o deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO). Em seu texto, Jack Rocha citou a quebra do decoro e a possibilidade de obstrução da Justiça como argumentos para recomendar a perda de mandato de Brazão.

"Faz-se impositiva a perda de mandato para impedir que o representado faça obstruções à Justiça. Destaco a influência da família Brazão no Rio de Janeiro e a quebra do decoro parlamentar do deputado [...] As provas coletadas por este colegiado são aptas para apontar que o representado tem um modo de vida inclinado para a prática de condutas não condizentes daquilo que se espera de um representante do povo. Por todo o exposto, voto pela perda do mandato ", dizem trechos.

A decisão da CCJ, caso mantenha o entendimento pela cassação, ainda precisará ser submetida ao plenário da Câmara. 

No início de abril, a Câmara dos Deputados decidiu manter a prisão do deputado. A votação passou por uma margem apertada. Associado à milícia por investigadores, o parlamentar foi derrotado pelos colegas em plenário, mas conseguiu angariar apoio expressivo de partidos do Centrão e da oposição.

De acordo com a Polícia Federal, Chiquinho Brazão e seu irmão, o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado Domingos Brazão, foram os mandantes do homicídio da vereadora Marielle Franco.

Além deles, também foi alvo de um mandado de prisão preventiva o ex-chefe da Polícia Civil do Rio Rivaldo Barbosa. Segundo as investigações, ao delegado caberia garantir uma espécie de imunidade aos envolvidos, ou seja, de alguma forma o inquérito que se sucederia não poderia chegar nos responsáveis pela empreitada criminosa.

Chiquinho participou da sessão através de um vídeo e alegou inocência.

— Marielle era minha amiga, não tenho nada a ver com este caso. Eu sempre defendi o debate, acima de tudo. Sempre debati em bom nome com vereadores da esquerda — argumentou.

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