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Legislativo

Composição do novo Congresso Nacional confirma força da direita bolsonarista

Nomes ligados ao presidente Bolsonaro (PL) foram eleitos na Câmara e no Senado. Partido Liberal (PL) terá a maior bancada, com 99 deputados.

Palácio do Congresso NacionalPalácio do Congresso Nacional - Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Com o País dividido, mais uma vez, entre a direita representada pelo atual presidente Bolsonaro (PL) e a centro-esquerda liderada pelo ex-presidente Lula (PT), que terminou o primeiro turno à frente com mais de 48% dos votos válidos, o Congresso Nacional dos próximos quatro anos seguirá dominado pelo Centrão com uma presença maciça da “onda conservadora” que emergiu em 2018.

Em linhas gerais, o PL foi o partido que elegeu a maior bancada na Câmara, com 99 deputados, seguido pela Federação Brasil da Esperança (PT-PCdoB-PV), que terá 79. Na Casa Alta, Bolsonaro conseguiu emplacar 14 apoiadores enquanto Lula conta com oito aliados.

Forças em disputa
Este ano, nomes muito próximos de Bolsonaro - alguns deles, inclusive, fizeram parte do Governo ao longo do primeiro mandato - se destacaram nas eleições para a Câmara e o Senado, como a deputada Bia Kicis (PL), que obteve o melhor desempenho no Distrito Federal, com mais de 214 mil votos.

Em São Paulo, três bolsonaristas ficaram em segundo, terceiro e quatro lugares entre os mais votados: Carla Zambelli, Eduardo Bolsonaro e o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles; todos do PL. O ex-secretário de Cultura, Mário Frias (PL-SP), e o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello (PL-RJ) também se elegeram deputados federais. Em Pernambuco, os mais bem votados foram André Ferreira (PL) e Clarissa Tércio (PP).

Para a Casa Alta, foram eleitos Romário (PL-RJ), Cleitinho Azevedo (PSD-MG), Jorge Seif (PL-SC) e os ex-ministros Marcos Pontes (PL-SP), Damares Alves (Republicanos-DF) e Tereza Cristina (PP-MS).

Além disso, personagens identificados no mesmo campo da direita conservadora e do antipetismo conquistaram cadeiras no Senado. Foi o caso do ex-ministro da Justiça, Sergio Moro (União Brasil-PR), do ex-senador Magno Malta (PL-ES) e do vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos-RS).

Por outro lado, o campo mais vinculado à centro-esquerda obteve vitórias importantes, conseguindo eleger para a Câmara lideranças como a ex-ministra do Meio Ambiente do Governo Lula, Maria Silva (Rede-SP), e a presidente do PT e ex-ministra da Casa Civil de Dilma, Gleisi Hoffmann (PR) - segunda colocada logo abaixo do ex-procurador Deltan Dallagnol (Podemos).

Guilherme Boulos (PSOL) foi o federal mais bem colocado em São Paulo, com mais de 1 milhão de votos. No Senado, há ainda os ex-governadores Camilo Santana (PT-CE) e Flávio Dino (PSB-MA), além da pernambucana Teresa Leitão (PT).

Confronto conservador
Caso o favoritismo de Lula se mantenha e o ex-presidente ganhe a eleição, o petista deve se deparar com um quadro de tensão. “Ele não vai lidar só com pessoas centristas, mas com antagônicos também”, observa o cientista político Alex Ribeiro.

“O Centrão se alinha mais ao Governo, mas o bolsonarismo está presente em várias partes do Brasil. Então, acho que esse confronto vai existir. Hoje o cenário [do segundo turno] é mais indefinido do que há dois dias. Lula, confirmando essa possibilidade de ganhar, vai ter bastante trabalho, coisa que Bolsonaro não terá tanto quanto teve no primeiro mandato”.

Para Ribeiro, a força do conservadorismo bolsonarista vai além da disseminação das fake news, que marcaram a eleição de 2018.

“Há um movimento bolsonarista de pessoas que não têm uma participação política ativa e não precisam expressar sua opinião externamente. Eles têm os votos silenciosos, que conseguem colocar esses atores em evidência. Há casos de sucesso de progressistas de esquerda, com votações expressivas, porém concentradas, que colocam menos atores políticos nas cadeiras”, analisa.

Capacidade de negociação
Apesar desse cenário aparentemente mais favorável à direita, a relação entre Governo e Parlamento também passa pela conduta do presidente que se eleger.

“O problema é que Bolsonaro não dialoga bem com ninguém, nem com o lado dele. Ele é ele. Inconstante. Lula aprendeu com o tempo a negociar. Quando falo em negociar, é no sentido de saber conviver com a diferença. Querendo ou não, nós temos uma política muito pragmática. Quem não consegue conviver com o Congresso não governa. O tempo deu a Lula essa habilidade, diferente de Bolsonaro, que se alimenta de conflito”, avalia o cientista político Hely Ferreira.

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