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CÂMARA DOS DEPUTADOS

Conselho de Ética arquiva acusação de assédio contra deputado do PCdoB

Deputado foi acusado pela deputada Júlia Zanatta (PL-SC) de assédio em abril

O deputado Márcio Jerry se defende durante sessão do Conselho do Ética O deputado Márcio Jerry se defende durante sessão do Conselho do Ética  - Foto: Mario Agra/Câmara dos Deputados

O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados arquivou por 10 votos a 5 a representação de assédio contra o deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA). Em abril, o parlamentar foi acusado pela deputada Júlia Zanatta (PL-SC) de invadir seu espaço pessoal e "dar um cheiro" em seu pescoço. Jerry sempre negou as acusações e disse que a imagem em que aparece próximo da deputada foi em um momento em que estaria defendendo a deputada Lídice da Mata durante uma discussão. Apesar disso, durante a sessão, Jerry pediu desculpas por ter causado incômodo à deputada.

O deputado Ricardo Maia (MDB-BA) já tinha apresentado em agosto um relatório pedindo o arquivamento do processo. Durante a sessão, a deputada Julia Zanatta manteve as acusações.

— O meu mandato pode ser desrespeitado com falas do Márcio Jerry dizendo que eu que sou criminosa. O PCdoB inteiro, suas deputadas, saíram me atacando falando que eu que estava errado. Não seria pedir desculpas para mim, mas para a sociedade. Mas quando é contra seus adversários vale tudo, não tem defesa da mulher, não tem feminismo. Afinal de contas, é isso que prega o comunismo. Não se trata de algo que somente aconteceu comigo, é a imagem que vai ficar — disse Zanatta.

Jerry, por sua vez, afirmou que a imagem que foi compartilhada ocorreu em um momento em que a deputada estava discutindo com a deputada Lídice da Mata em uma sessão na Comissão de Segurança Pública. Na foto, ele estava se aproximando da deputada para falar para ela respeitar "os 40 anos de mandato" de Lídice.

— Eu concluo, presidente, e senhores parlamentares, primeiro, sinteticamente, afirmando minha convicção absoluta de não ter intenção nenhuma de ofender aquela deputada. O fiz no calor daquele debate para defender a deputada Lídice da Mata. Mesmo assim, contudo, como isso gerou esse incômodo à deputada, eu tal como fiz na sessão inaugural, reitero à senhora esse pedido de desculpa — afirmou.

Durante a sessão, deputados de esquerda e direita trocaram acusações sobre o episódio. No início da sessão, o deputado João Leão (PP-BA) disse que precisaria tomar cuidado na Câmara porque também tinha o costume de "dar um cheiro" nas pessoas.

— As teses do feminismo não pode ser banalizado. Mas nesse caso não houve assédio, não houve importunação. E a denúncia é muito forte. Eu quero dizer que estamos aqui para apoiar o relatório do deputado Ricardo Maia. Como foi dito pelo deputado João Leão, temos anos de convivência com carinho e respeito. Diferenças? Sim. Teremos diferenças, somos um espelho plano da sociedade brasileira. Mas a forma de tratar a diferença é fundamental — disse a deputada Alice Portugal.

O deputado Cabo Gilberto (PL-PB) acusou os deputados de esquerda de seletividade ao tratar o caso, afirmando que a reação das parlamentares de esquerda seria diferente se a acusação não fosse feita pela deputada Julia Zanatta.

— Imaginem eu chegando dessa forma por trás de Maria do Rosário. Deputado do PL, não estou falando que eu iria dar um cheiro e nem estou dizendo que o deputado fez isso na deputada Julia Zanatta. Mas imagine como estariam as deputadas feministas nessa casa. Aqui, não é o que se faz e sim com quem faz e quem faz — afirmou.

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