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Convidada por Bolsonaro, Damares testa popularidade e ensaia candidatura ao Senado

Damares deu sinais de interesse na disputa durante uma live promovida pelo pastor evangélico e ex-deputado federal Fábio Sousa

Ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares AlvesMinistra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves (sem partido), passou o ano de 2021 dizendo que “não seria candidata a nada”. Nos últimos dias, porém, resolveu testar a própria popularidade junto à base bolsonarista e, em tom de brincadeira, deu pelo menos três declarações que revelam seu flerte com as urnas. O projeto conta com apoio incondicional do presidente Jair Bolsonaro, que revelou ontem ter formalizado um convite para ela concorrer ao Senado.

"Posso adiantar uma possível senadora para São Paulo: a ministra Damares. O convite foi feito, o Tarcísio (de Freitas) gostou dessa possibilidade. Conversei com a Damares, e ela ainda não se decidiu", contou o presidente, deixando claro que a sugestão passou pelo crivo do ministro da Infraestrutura, seu candidato ao Palácio dos Bandeirantes.

Já Damares deu sinais de interesse na disputa durante uma live promovida pelo pastor evangélico e ex-deputado federal Fábio Sousa, na segunda-feira.

"Virou uma confusão, porque pegaram como verdade que eu seria candidata e me lançaram candidata. E você sabe que eu estou gostando dessa ideia?", confidenciou a ministra, que tratou a reforma do Código Penal como o principal objetivo de um eventual mandato no Congresso.
 

Ex-presidente da Fiesp, Paulo Skaf também almeja concorrer ao Senado por São Paulo na aliança de Bolsonaro. O posto também chegou a ser o objetivo do ex-ministro Ricardo Salles, que agora deseja concorrer a deputado federal.

Interlocutor da ministra na conversa, o ex-deputado é filho do apóstolo César Augusto, da Igreja Fonte da Vida, um frequentador assíduo do Palácio do Planalto e ligado a Damares. Procurado pelo GLOBO, ele afirmou acreditar que a ministra é “candidatíssima”, sem mencionar a qual cargo.

Embora não seja unanimidade dentro da bancada religiosa, a ministra conta com o apoio da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, que é evangélica. Recentemente, ela postou em suas redes sociais o resultado de uma suposta pesquisa em que a ministra apareceria na liderança na corrida pela Senado no Amapá, estado para o qual ela poderia mudar seu título de eleitor, inscrito hoje em São Paulo.

Ao GLOBO, Damares afirmou por meio de sua assessoria que tem “profundo respeito” pelo povo do Amapá e que “não há, entretanto, neste momento, qualquer confirmação de que ela será candidata a qualquer cargo eletivo pelo estado”. Perguntada se descartava se lançar a qualquer posto em 2022, independentemente da unidade da federação, ela não respondeu.

Bolsonaro, de fato, tem sido um dos principais incentivadores de que sua auxiliar se lance ao Senado. Não por acaso. Ele trabalha para eleger o maior número possível de aliados na Casa, onde amargou uma série de desgastes em três anos de gestão. Ontem, Bolsonaro fez um post dedicado à ministra, divulgando ações do ministério que ela comanda.

No sábado passado, Damares postou que “dá até vontade de ser senadora” ao criticar a demora na tramitação do projeto para mudar o Código Penal. Prontamente, ela recebeu o apoio de deputados bolsonaristas, como o federal Filipe Barros (PSL-PR) e a estadual Janaína Paschoal (PSL-SP). Eles chegaram a levantar a possibilidade de ela se manter no ministério como senadora eleita, num eventual futuro mandato de Bolsonaro.

Segundo uma pessoa próxima à ministra, a publicação feita por Damares no fim de semana foi uma “brincadeira com fundo de verdade”. Dois ex-funcionários do Ministério da Família e Direitos Humanos, sob a condição de anonimato, disseram que o desejo dela é ser vice na chapa de Bolsonaro à reeleição. A vaga, porém, deve ser negociada com dirigentes do centrão ou militares.

Tio de Damares, o ex-deputado Josué Bengtson (PTB) ligou para a ministra nesta semana para se inteirar sobre os planos eleitorais.

"Ela não será candidata a nenhum cargo, mas o presidente continua insistindo para que ela seja", contou.

Antes de decidir se vai concorrer ou não nas eleições deste ano, a ministra precisa escolher um partido político para se filiar. Ela saiu do PP em 2021 e tem até abril (seis meses antes do pleito) para ingressar numa nova legenda. O PTB e o Republicanos despontam hoje entre as suas preferências.

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