Argentina

Cooperação entre Brasil e Argentina precisa ser priorizada

Estudiosos consideram que Governo brasileiro deve ajudar o país vizinho a resgatar a confiança junto aos mercados de capital internacional

Milhares de argentinos acompanharam nas ruas o discurso do novo governante, que durante meia hora propôs ajustes rígidos na economiaMilhares de argentinos acompanharam nas ruas o discurso do novo governante, que durante meia hora propôs ajustes rígidos na economia - Foto: Luis Robayo/AFP

A frase “No hay plata”, enfatizada pelo novo presidente da Argentina, Javier Milie, em seu discurso de 30 minutos, chamou a atenção de cientistas políticos e estudiosos da história Argentina. De acordo com o professor de Relações Internacionais e doutorando da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme), no Rio de Janeiro, Marco Túlio Freitas, o alerta do ultraliberal sinaliza para aumento de impostos e medidas impopulares, além da necessidade de resgatar a confiança dos mercados de capitais internacionais. 

Medidas populistas
“Essa frase é extremamente importante para entendermos o ponto ao qual a Argentina chegou de medidas populistas, de aquecimento da economia que levou à alta da inflação, em uma fase muito delicada, na gestão de (Maurício) Macri, e que ficou pior ainda com Alberto Fernández”, contextualiza Marco Túlio Freitas.
 
O professor observa que Milei  falou com a autoridadade de quem foi escolhido por eleitores que sabiam dos caminhos a serem adotados. “Ele anunciou precisar tomar certas medidas impopulares, apostando que os argentinos estejam de acordo, já que o elegeram sabendo disso.” 

Eixo de cooperação
Ainda segundo Marco Túlio Freitas, este é o momento em que o Brasil deve auxiliar a Argentina a resgatar a confiança dos mercados de capitais internacionais.

“Independentemente de quem ocupa Brasília e Buenos Aires, Brasil e Argentina têm um eixo de irmandade que não permite que esse eixo de cooperação seja ativado somente quando algum presidente de certa linhagem ideológica ocupar um lugar, ou seja, o eixo Brasília e Buenos Aires não pode funcionar somente quando os dois países têm a mesma ideologia, ele tem que ser acima disso, uma política de estado”, pontuou.

Relação não é decisiva
Em entrevista à GloboNews, o professor de relações internacionais da Fundação Getúlio Vargas, Oliver Stuenkel, também enfatizou que a relação entre Brasil e Argentina é fundamental, porém ressaltou que nem sempre a boa relação é decisiva. 

“A relação pessoal entre os presidentes ajuda. Mas não é decisiva. Mesmo tendo amizade pessoal com a Argentina, não houve grandes avanços na relação bilateral nos últimos 12 meses”, observa, acrescentando que em vários momentos da história do Brasil houve diplomacia entre os líderes.

“Entre Fernando Henrique Cardoso e Bill Clinton, por exemplo, mas durante essa época também não houve grandes avanços entre o Brasil e os Estados Unidos.”

O especialista destacou que a Argentina, apesar dos laços amistosos, tem interesses diferentes dos brasileiros. “Nenhum presidente argentino apoia explicitamente o desejo brasileiro de fazer parte do Conselho de Segurança da ONU como integrante permanente. De fato, a Argentina trabalha contra essa reforma”, sublinhou.

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