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Costa Neto promove jantar para acalmar ânimos no PL, dividido sobre questionamento das urnas

Dirigente da sigla quer levar presidente Jair Bolsonaro para reunião com as bancadas do Congresso com o objetivo de engajá-lo na vida partidária

Valdemar Costa NetoValdemar Costa Neto - Foto: Reprodução/ Twitter

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, planeja convidar o presidente Jair Bolsonaro para o jantar com as bancadas do partido no Senado e na Câmara, que foi marcado para a noite desta terça-feira (29), em Brasília.

O evento foi convocado por Valdemar como uma tentativa de acalmar os ânimos após o partido ser punido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com uma multa de R$ 22,9 milhões por ter entrado com uma ação pedindo a anulação, sem provas, de votos no segundo turno das eleições.

O objetivo de Valdemar é engajar Bolsonaro no dia a dia da legenda, na qual ele se filiou há apenas um ano. O chefe do Executivo já foi convidado para ser presidente de honra do PL e terá à disposição um escritório em Brasília.

A possível presença de Bolsonaro também é uma sinalização de que Valdemar, por enquanto, não deverá se distanciar das pautas de interesse da base do presidente da República.



Diante da divisão interna, Valdemar tem preferido chamar o encontro de “confraternização” para apresentar parlamentares antigos aos bolsonaristas, que migraram para o PL junto com o presidente da República e têm conseguindo ditar os rumos da sigla.

A ação do partido, que questionou, sem provas de fraude, a legitimidade das eleições, atendeu a uma pressão dos aliados de Bolsonaro, mas gerou críticas internas da ala mais pragmática.

Deputados desse grupo afirmam que não foram consultados e que teriam se posicionado contra a iniciativa. Autointitulados “valdemaristas”, esses parlamentares temem que a sigla enfrente novos problemas na Justiça por causa da ação, mas têm evitado fazer críticas públicas ao presidente do partido.

Um dos pilares do Centrão, o PL elegeu a maior bancada para a Câmara dos Deputados, com 99 parlamentares. A estimativa da própria legenda é que, desse total, cerca de 40 seriam mais “pragmáticos” e estariam dispostos a apoiar o governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva caso sejam atendidos com cargos e emendas.

Mudança de estratégia
Há um entendimento na cúpula da sigla de que Valdemar deve se equilibrar entre esse grupo e os bolsonaristas, que foram responsáveis por impulsionar a nova bancada. Por isso, o dirigente tem dito em conversas reservadas que o engajamento de Bolsonaro na vida partidária é importante para obter um bom resultado nas eleições municipais de 2024.

A intenção é aproveitar o capital político de Bolsonaro para ampliar o número de prefeituras. Em 2020, quando ainda não tinha o atual presidente, a legenda elegeu 345 prefeitos, apenas a sexta maior quantia entre as demais siglas.

Apesar de Valdemar Costa Neto ter convocado as bancadas para um jantar de aproximação, a expectativa é que o embate com o TSE seja um dos temas da reunião. Na conversa, o dirigente da sigla tem a intenção de propor uma mudança de estratégia: diminuir a ofensiva no Judiciário e concentrar esforços em organizar a oposição ao governo Lula no Congresso.

Isso inclui bloquear a PEC da Transição, a Proposta de Emenda à Constituição que abre espaço no Orçamento de 2023 para promessas de campanha de Lula, entre elas o Bolsa Família no valor de R$ 600.

— A PEC está sendo dificultada pelo próprio PT. Ela não existe. Não tem texto, não tem ministro da Fazenda, não tem conversa. Ninguém consegue negociar o que não conhece — diz o líder do governo Bolsonaro no Congresso, senador Eduardo Gomes (PL-TO).

Valdemar também deve anunciar como uma das prioridades do PL obter a presidência da Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) na Câmara e no Senado, garantindo o poder de ditar o ritmo de projetos importantes para o futuro governo Lula. Além disso, deve lançar a candidatura do deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), presidente da Frente Parlamentar Evangélica, para a primeira vice-presidência.

— É um jantar de confraternização, mas também servirá para hipotecar o apoio à reeleição do presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), que é um compromisso anterior — diz Sóstenes.

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