CPI 8 de Janeiro: ex-diretor da PRF afirma ter pedido emprego a empresa que contratou em sua gestão
MPF apura suspeita de irregularidades no contrato com a Combat Armor; questionado sobre conflito de interesse, Silvinei Vasques diz que está aposentado
Em depoimento à CPI do 8 de Janeiro, o ex-chefe da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques afirmou que, após se aposentar da corporação, no fim do ano passado, pediu emprego à empresa Combat Armor. A companha foi contratada pela durante sua gestão para fornecer veículos blindados. O negócio, de R$ 36 milhões, é alvo de uma investigação do Ministério Público Federal.
— Estou desde o dia que me aposentei procurando emprego. Estive nessa empresa, estive em mais de dez empresas. Estou à procura de emprego, à disposição, ainda não consegui. As que quiseram me dar emprego não atenderam às minhas expectativas, mas assim que eu tiver uma oportunidade, com certeza, vou trabalhar—disse Silvinei na CPI.
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Após a declaração, a relatora da CPI, senadora Eliziane Gama (PSD-BA), questionou Vasques se ele não via conflito de interesse, o que ele negou.
— Estou aposentado — limitou-se a responder.
Como mostrou o "Jornal Nacional", da TV Globo, o núcleo de controle externo da atividade policial do MPF suspeita que houve fraudes nos processos de licitação e questiona a necessidade da compra desse tipo de veículo pela PRF. A investigação também quer saber se há algum tipo de relação entre o ex-diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, e a empresa Combat Armor.
Benefício eleitoral
Primeiro a ser ouvido pela CPI, Vasques disse que o cargo não foi usado para beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele declarou voto em Bolsonaro na véspera do segundo turno e é suspeito de bloquear estradas para favorecer o ex-presidente.
— As fotos que eu tenho com o presidente Bolsonaro é porque ele me permitiu tirar. Utilizei da minha hora de folga, postei na minha hora de folga. O cargo nunca foi usado em benefício meu e muito menos dele (Bolsonaro). Não seria eu que mudaria o resultado da eleição — disse.
Vasques também afirmou que sua intenção ao comparecer ao colegiado é combater ao que chamou de "maior injustiça da História contra PRF". Ele é suspeito de ter determinados bloqueios em estradas visando prejudicar a locomoção de eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante o segundo turno da disputa presidencial.