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CPI DA COVID

CPI convoca médicos da Prevent Senior para depor sobre dossiê contra operadora

Prevent SeniorPrevent Senior - Foto: Divulgação / Site da Prevent Senior

A CPI da Covid aprovou nesta quinta-feira (30) a convocação de três ex-médicos da Prevent Senior que integrariam o grupo que elaborou um dossiê com denúncias contra a operadora de saúde. Foram convocados George Joppert, Andressa Joppert e Walter Correa de Souza Neto.

O requerimento de convocação dos dois primeiros é do senador governista Marcos Rogério (DEM-RO). Ele argumenta que, em depoimento à comissão, o diretor-executivo da Prevent Pedro Benedito Batista Júnior afirmou que o casal alterou planilhas de um estudo para apontar que a operadora omitia mortes de pacientes com Covid-19 que receberam tratamento precoce.

Walter Correa de Souza Neto chegou a denunciar que estava sendo ameaçado por Batista Júnior, conforme áudio de conversa telefônica divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo.

A cúpula da CPI já havia informado mais cedo nesta quinta-feira (30) que pretende ouvir na próxima semana 1 dos 12 médicos da Prevent Senior que elaboraram o dossiê. Com poucas exceções, os profissionais ainda se mantêm no anonimato temendo represálias.

O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), apresentou nesta quinta uma proposta de cronograma para a reta final das atividades da comissão, indicando que a próxima semana será praticamente toda destinada para apurar e concluir a investigação relacionada à Prevent.

"Na quarta-feira (6), a minha proposta é que nós ouçamos um dos médicos que atuaram dentro da Prevent Senior. Um daqueles 12 médicos", afirmou Aziz na abertura da sessão.

O senador disse ainda que será ouvido no dia seguinte um representante da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), também para tratar das denúncias contra a Prevent. A CPI deve ser encerrada no dia 20 de outubro, com a votação do relatório final de Renan Calheiros (MDB-AL).



O depoimento ocorrerá uma semana após a oitiva da advogada Bruna Morato, que representa os 12 médicos autores do dossiê. Ela foi pressionada em diversos momentos para revelar a identidade deles, mas afirmou que não recebera autorização e iria preservar o sigilo profissional.

O dossiê relata que hospitais da Prevent Senior eram usados como "laboratórios" para estudos com medicamentos sem eficácia comprovada para o tratamento da Covid-19, como a hidroxicloroquina. Os familiares dos pacientes não seriam informados de que receberiam esses medicamentos.

Em sua fala, Morato confirmou essas denúncias e ainda relatou um elo entre a Prevent Senior, o Conselho Federal de Medicina e o chamado gabinete paralelo de aconselhamento do presidente Jair Bolsonaro sobre a pandemia. A operadora faria parte de um "pacto" para propagar medicamentos sem eficácia comprovada para o tratamento da Covid.

Um dos objetivos deste alinhamento, segundo a advogada, seria a elaboração de uma estratégia para evitar o fechamento da economia durante a pandemia, usando o tratamento precoce como "esperança" para a população.

Em uma revelação que chamou a atenção dos senadores, ela mencionou que o gabinete paralelo atuava em consonância com o Ministério da Economia, que defendia a estratégia.

Segundo Morato, a direção da Prevent Senior buscou se aproximar do Ministério da Saúde após uma série de críticas do então ministro Luiz Henrique Mandetta. A tentativa se deu por um parente de Mandetta, mas a relação não avançou.

Os diretores então ficaram sabendo de um grupo que assessorava o governo em conexão com o Ministério da Economia.

"O que eles me explicaram foi o seguinte: existe um interesse do Ministério da Economia para que o país não pare, e, se nós entrarmos nesse sistema de lockdown, nós teríamos um abalo econômico muito grande, então existia um plano para que as pessoas pudessem sair às ruas sem medo", afirmou Morato.

"Eles desenvolveram uma estratégia. Qual era essa estratégia? Através do aconselhamento de médicos", disse a advogada.

"Esses médicos eu posso citar também de forma nominal, porque me foi dada essa explicação: o doutor Anthony Wong, toxicologista responsável por desenvolver um conjunto medicamentoso atóxico; doutora Nise Yamaguchi, especialista em imunologia, a qual deveria disseminar informações a respeito da resposta imunológica das pessoas; o virologista Paolo Zanotto, para que ele falasse a respeito do vírus e tratasse a respeito dessa situação de forma mais abrangente, evocando notícias", listou Morato.

"E a Prevent Senior iria entrar para colaborar com essas pessoas. É como se fosse uma troca, a qual nós chamamos na denúncia de pacto, porque assim me foi dito", acrescentou.

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