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Atos golpistas

CPI do 8 de Janeiro aprova convocação de Anderson Torres e Mauro Cid

Nomes são ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro

Vidro destruído por atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 em BrasíliaVidro destruído por atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 em Brasília - Foto: Fábio Rodrigues-Pozzebom / Agência Brasil

A CPI do 8 de janeiro aprovou nesta terça-feira (13) as convocações do ex-ministro da Justiça Anderson Torres e do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ao encerrar a sessão, o presidente da comissão, Arthur Maia (União-BA), disse que vai se reunir com outros membros da mesa diretora da CPI mista para avaliar se um dos convocados pode ser ouvido na próxima terça-feira.

Torres era secretário de Segurança Pública do Distrito Federal quando os ataques golpistas em Brasília aconteceram. Ele ficou preso por quatro meses após ter se ausentado do país no dia dos ataques. Na casa do ex-ministro de Bolsonaro foi encontrado um rascunho de um documento que orientava um golpe de Estado por meio de uma intervenção na Justiça Eleitoral.

Por sua vez, Mauro Cid é apontado como um dos auxiliares do ex-presidente que estimularam os ataques.

"O Tenente-Coronel é alvo de investigações da Polícia Federal por outros acontecimentos, no entanto, com a quebra do sigilo telemático pela PF foram descobertas mensagens de cunho golpistas trocadas entre o ex-ajudante de ordens e o candidato a deputado estadual Ailton Barros (PL-RJ), que ensejam suspeita de envolvimento com os atos de 08 de janeiro", disse o deputado Rafael Brito (MDB-AL), que foi autor de um dos requerimentos para convocar o ex-ajudante de ordens.

No início da sessão houve um desentendimento em relação a ordem da votação dos requerimentos. A base do governo queria prioridade para os pedidos feitos pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da CPI, mas o pedido foi negado pelo presidente da CPI, Arthur Maia (União-BA).

– Eu sei que tem aqui alguns requerimentos da relatora que são consensuais, e existem outros que não. Da mesma forma, de qualquer dos blocos que estão aqui representados. Nesse sentido, a minha proposição, a proposição desta presidência é que todos aqui indicassem os requerimentos com que não concordam. Sobrariam, portanto, os requerimentos consensuais. Nós aprovaríamos logo no começo todos os requerimentos que são consensuais e, a partir daí, avançaríamos para apreciar o requerimento da relatora – declarou.

A oposição disse que não ia agir para barrar a maior parte dos requerimentos dos governistas, mas fez questão de pedir a retirada de um deles, que pede informações sobre a carteira de vacinação de Bolsonaro. O ex-presidente é suspeito de ter fraudado o cartão para poder viajar aos Estados Unidos.

– Não tem qualquer pertinência temática com o objeto desta CPI. A nossa proposta é que Vossa Excelência, presidente desta CPMI, retire de pauta, de ofício, esse requerimento, e nós votamos todos os outros em bloco – disse o deputado Filipe Barros (PL-PR).

Também foram aprovados requerimentos de informações para que a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) forneça informações sobre alertas prévios em relação aos ataques que aconteceram no dia 8 de janeiro. Os pedidos são considerados essenciais para a oposição porque o grupo tenta emplacar uma versão de que o governo foi omisso durante os ataques.

Outros pedidos, no entanto, que pediam informações da viagem que Lula fez para Araraquara (SP) no dia dos ataques, e que solicitavam a quebra de sigilo do presidente e auxiliares, não foram aprovados.

– Tem requerimento de informação e de convocação de todos os partidos aqui desta comissão. Apenas nós destacamos aqueles em que, aí sim, não há pertinência, como, por exemplo, fazer requerimento de informação da viagem do presidente Lula a Araraquara, que foi atender vítimas de uma enchente, de um desastre ambiental. É fazer confusão de uma investigação que está com foco em atos golpistas, de um processo de tentativa de golpe no país – disse a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).

Opositor de Lula, o senador Sergio Moro (União-PR), que é suplente, chegou a participar de uma parte da reunião já que senadores titulares do União Brasil, mais alinhados ao governo, estavam ausentes. Davi Alcolumbre (União-AP), no entanto, chegou no meio da sessão e impediu que Moro participasse das votações dos requerimentos.

Antes da chegada de Alcolumbre, o ex-juiz usou seu tempo na sessão para dizer que algumas das convocações solicitadas "fazem parte de um jogo político" e reclamou que ser chamado à CPI mista pode significar a "ruína da vida delas".

– Existem sim os nomes que são óbvios, todos nós conhecemos, mas existem alguns nomes ali de pessoas que foram colhidas, aparentemente, talvez na internet por suposto envolvimento nesses fatos - e, enquanto pra nós aqui, nós queremos esclarecer a verdade, mas vamos reconhecer que existe também um jogo político aqui envolvido. Para muitos desses indivíduos, a convocação para ser chamado numa CPMI, a aprovação pode trazer a ruína para a vida deles, ainda mais para depor aqui com toda essa exposição.

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