Congresso Nacional

CPI do 8 de Janeiro: base e oposição preveem aprovação de relatório que acusa Bolsonaro

Parecer da senadora Eliziane Gama será votado nesta quarta-feira; comissão tem maioria governista

Jair BolsonaroJair Bolsonaro - Foto: Evaristo Sa / AFP

Com a maioria dos parlamentares entre os participantes da CPI do 8 de Janeiro, os governistas devem aprovar com folga o relatório apresentado pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA) pedindo o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de mais 60 pessoas.

A CPI é composta por 16 senadores e 16 deputados, além de suplentes. Entre os 32 titulares com direito a voto, o governo tem ao menos 19 ao seu lado. As contas dos aliados de Lula, no entanto, vão além disso. O deputado Rogério Correia (PT-MG), por exemplo, avalia que serão 20 votos favoráveis ao texto de Eliziane.

— Vão ser entre 8 e 10 votos de diferença. O relatório foi muito bem feito. A aprovação está encaminhada — acrescentou o deputado Rafael Brito (MDB-AL).

Até mesmo a oposição, que apresentou relatório alternativo propondo o indiciamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), acredita nesse cenário.

—O governo tem maioria na CPI. Construiu um relatório totalmente desconectado com a realidade, sugerindo o indiciamento de pessoas que sequer foram ouvidas no âmbito da CPI. — afirmou o senador Marcos Rogério (PL-RO).

A sessão desta quarta-feira terá início com a discussão dos relatórios apresentados na terça-feira. Há 36 inscritos para o debate. Só após o fim das falas será iniciada a votação.

Relatório da base
O relatório de Eliziane pede o indiciamento de 61 pessoas, incluindo integrantes e aliados do governo passado. Além do próprio ex-presidente Jair Bolsonaro, a lista inclui o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, o ex-diretor da Polícia Federal Rodoviária (PRF) Silvinei Vasques, os ex-ministros Anderson Torres (Justiça), Walter Braga Netto (Defesa e Casa Civil), Augusto Heleno (GSI), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Paulo Sérgio Nogueira (Defesa), além da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP).

Também constam no relatório da senadora o pedido de indiciamento do almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, e do general Marco Antônio Freire Gomes, que chefiou o Exército. Após aprovado, oito órgãos receberão o documento. São eles: Tribunal Federal (STF); Ministério Público Federal (MPF); Advocacia-Geral da União (AGU); Polícia Federal (PF); Tribunal de Contas da União (TCU); Controladoria-Geral da União (CGU); Receita Federal e Ministério Público Militar (MPM).

Oposição
Parlamentares da oposição, por sua vez, pedem o indiciamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva; do ministro da Justiça, Flávio Dino; do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Gonçalves Dias, e de mais três pessoas.

O texto é assinado por 16 parlamentares e só irá à votação caso o de Eliziane, relatora oficial do colegiado, for derrotado, o que é pouco provável de acontecer já que a base do governo tem maioria na CPI.

Acusados respondem
O ex-presidente disse, em nota, que a proposta de indiciamento é “parcial, tendenciosa e totalmente pavimentada por viés político e não jurídico”. Em nota, o Exército afirmou que é “apartidário e pauta suas ações pela legalidade e pelo respeito às demais Instituições da República”. O texto diz ainda que a Força não se manifesta durante o curso de apurações e “seguirá acompanhando e contribuindo com as investigações conduzidas pelos diferentes órgãos”.

Silvinei enviou uma nota em que ataca a relatora. “Acredito até que ela não sabe nem o que está lendo”, diz o texto. Torres, por sua vez, afirmou que a decisão da CPI de pedir seu indiciamento “não foi uma deliberação técnica” e que não há “provas concretas” de sua participação, “seja por ação ou omissão, nos atos de barbárie” de 8 de janeiro. Zambelli disse que o relatório “tem lado”, é fruto de “perseguição política” e que não há provas contra ela. Braga Netto, Heleno, Luiz Eduardo Ramos e Paulo Sérgio Nogueira foram procurados, mas não se manifestaram, assim como o Ministério da Defesa e o GSI.

Veja também

Como Israel construiu uma empresa de fachada para colocar explosivos nos pagers do Hezbollah
ORIENTE MÉDIO

Como Israel construiu uma empresa de fachada para colocar explosivos nos pagers do Hezbollah

PF vai identificar quem está usando o X de forma irregular após decisão que suspende plataforma
BRASIL

PF vai identificar quem está usando o X de forma irregular após decisão que suspende plataforma

Newsletter