CPI 8 de Janeiro

CPI do 8 de Janeiro elege Eliziane Gama como relatora; deputado do União será presidente

Comissão foi instalada hoje no Congresso para investigar a tentativa de golpe em Brasília

A senadora Eliziane Gama (PSD-MA) A senadora Eliziane Gama (PSD-MA)  - Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputa

Passados 137 dias dos ataques aos prédios dos Três Poderes em Brasília, a Comissão Parlamentar de Inquérito Mista (CPMI) do 8 de janeiro foi instalada nessa quinta-feira (25) no Congresso Nacional. No desenho final, a CPI será presidida por Arthur Maia (União-BA), nome de confiança do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), designado pelo centrão para essa missão desde o primeiro momento.

A relatoria ficou nas mãos da senadora Eliziane Gama (PSD-MA), governista, próxima ao ministro da Justiça, Flávio Dino.

O início dos trabalhos acontece após idas e vindas do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No começo, a base era contra a investigação, mas mudou de ideia após a divulgação de imagens do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional general Gonçalves Dias circulando pelo Palácio do Planalto no dia da tentativa de golpe.

Composição da mesa:

Arthur Maia - presidente

Cid Gomes - primeiro vice-presidente

Magno Malta - segundo vice-presidente

Eliziane Gama - relatora

Ao assumir a função, Arthur Maia disse vir de um partido independente, apesar do União ter o comando de três ministérios.

— É um momento da mais extrema importância para o Congresso Nacional e cada um dos membros temos de fazer uma investigação do que de fato aconteceu no dia 8 de janeiro. Essa comissão estará prestando um serviço à democracia — disse Maia.

Maia e a relatora querem apresentar um plano de trabalho na próxima reunião e a ideia é que as sessões da CPI ocorram às quintas-feiras pela manhã.

O senador Marcos do Val (Podemos-ES) questionou a indicação de Eliziane pela proximidade com Dino, já que ele deverá ser um dos alvos da oposição nessa CPMI. O questionamento provocou o primeiro embate da CPMI.

Apesar de Eliziane ser uma boa opção para o governo, ela não foi a primeira escolha. O Palácio trabalhava a indicação, em um primeiro momento de Renan Calheiros (MDB-AL), próximo de Lula, porém antagonista de Lira. Em paralelo, o senador Eduardo Braga (MDB-AM) também era cotado. Nenhum dos dois emedebistas, no entanto, quis fazer parte da CPMI. Interlocutores afirmam que eles não viam uma estratégia bem definida pelo governo para enfrentar o colegiado.

Havia um acordo entre os governistas para evitar a participação do autor do requerimento de criação da CPMI, deputado André Fernandes (PL-CE), no comando da CPMI que era o de designar o senador Magno Malta (Republicanos-ES) para um cargo de segundo vice-presidente. O senador Esperidião Amim (PP-PR), no entanto, questionou que esse cargo não existe regimentalmente e o plano foi descartado temporariamente.

Com a instalação do colegiado, o governo pretende usar a CPI dos Ataques Golpistas para atingir o ex-auxiliar de Jair Bolsonaro, Anderson Torres para emparedar o ex-presidente e tomar as rédeas da investigação.

Além de ser suspeito de usar a máquina pública para interferir no resultado do pleito, com o planejamento de barreiras policiais para atrapalhar a locomoção ou impedir eleitores de votar em Luiz Inácio Lula da Silva, Torres é investigado por ter sido conivente com os ataques às sedes dos três Poderes. No dia 8 de janeiro, ele estava à frente da Secretaria de Segurança do Distrito Federal, mas encontrava-se nos Estados Unidos, onde tirava férias. Em sua casa também foi encontrada uma minuta golpista que previa a intervenção no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Já a oposição no colegiado deve ser liderada pelo deputado delegado Alexandre Ramagem (PL-RJ) e pelos filhos de Bolsonaro, senador Flavio (PL-RJ) e deputado Eduardo (PL-SP), ambos como suplentes na comissão.

A intenção dos parlamentares bolsonaristas é tentar emplacar a narrativa de que o governo Lula foi omisso nas vésperas e no dia da tentativa do golpe. Um documento produzido pelo Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin) na época deve permear os trabalhos da oposição.

Quem são os participantes:

Senadores

Ana Paula Lobato (PSB-MA)

Cid Gomes (PDT-CE)

Damares Alves (Republicanos-DF)

Davi Alcolumbre (União-AP)

Eduardo Girão (Novo-CE)

Eliziane Gama (PSD-MA)

Esperidião Amin (PP-SC)

Fabiano Contarato (PT-ES)

Magno Malta (PL-ES)

Marcelo Castro (MDB-PI)

Marcos do Val (Podemos-ES)

Omar Aziz (PSD-AM)

Otto Alencar (PSD-BA)

Rogério Carvalho (PT-SE)

Soraya Thronicke (União-MS)

Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB)

Deputados

Aluisio Mendes (Republicanos-MA)

Amanda Gentil (PP-MA)

André Fernandes (PL-CE)

Arthur Maia (União-BA)

Carlos Sampaio (PSDB-SP)

Delegado Ramagem (PL-RJ)

Duarte (PSB-MA)

Duda Salabert (PDT-MG)

Erika Hilton (PSOL-SP)

Filipe Barros (PL-PR)

Jandira Feghali (PCdoB-RJ)

Paulo Magalhães (PSD-BA)

Rafael Brito (MDB-AL)

Rodrigo Gambale (Podemos-SP)

Rogério Correia (PT-MG)

Rubens Pereira Júnior (PT-MA)

Senadores suplentes

Angelo Coronel (PSD-BA)

Augusta Brito (PT-CE)

Cleitinho (Republicanos-MG)

Flávio Bolsonaro (PL-RJ)

Giordano (MDB-SP)

Irajá (PSD-TO)

Izalci Lucas (PSDB-DF)

Jorge Kajuru (PSB-GO)

Jorge Seif (PL-SC)

Luis Carlos Heinze (PP-RS)

Professora Dorinha Seabra (União-TO)

Randolfe Rodrigues (Sem partido-AP)

Sergio Moro (União-PR)

Styvenson Valentim (Podemos-RN)

Zenaide Maia (PSD-RN)

Deputados suplentes

Aliel Machado (PV-PR)

Any Ortiz (Cidadania-RS)

Carlos Veras (PT-PE)

Delegada Adriana Accorsi (PT-GO)

Eduardo Bolsonaro (PL-SP)

Emanuel Pinheiro Neto (MDB-MT)

Evair Vieira de Melo (PP-ES)

Felipe Francischini (União-PR)

Gervásio Maia (PSB-PB)

Josenildo (PDT-AP)

Laura Carneiro (PSD-RJ)

Marco Feliciano (PL-SP)

Mauricio Marcon (Podemos-RS)

Nikolas Ferreira (PL-MG)

Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ)

Roberto Duarte (Republicanos-AC)

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